A inflação dos preços administrados vai voltar com força em 2015 e deve superar a alta dos preços livres, o que não acontecia desde 2009. Reajustes da tarifa de ônibus, trem, metrô, energia elétrica, gasolina e do diesel, represados durante muito tempo, devem fazer com que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dos administrados supere o dos preços livres, afetados pelo fraco dinamismo da economia, na avaliação dos economistas. Os preços administrados respondem por quase um quarto do IPCA.

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As projeções das consultorias para a inflação dos preços administrados em 2015 variam, com diferenças de quase dois pontos porcentuais. Mas o ponto comum entre as projeções é que a alta das tarifas deve superar a elevação dos preços livres.

A LCA Consultores, por exemplo, projeta alta de 6,67% dos preços administrados para 2015, ante elevação de 6,04% para os preços livres. Para este ano, a estimativa da consultoria é de uma elevação de 4,52% da inflação das tarifas e 7,13% dos preços livres. “Desde 2009 não havia essa inversão na dinâmica da inflação, com os preços administrados subindo mais que os livres”, observa o economista da LCA, Fábio Romão. Ele lembra que, em 2009, por causa dos efeitos da crise financeira, os preços livres arrefeceram e subiram 4,25%. Eles ficaram abaixo dos administrados, com alta de 4,54%. Agora, o cenário é de uma inflação reprimida dos preços administrados que deve vir à tona em 2015.

Para este ano, a consultoria projeta aumento de médio de 14,5% para eletricidade e mais 9,5% para 2015. Para os ônibus urbanos, também é esperado um reajuste elevado sobre uma base alta: de 4,1% em 2014 e 5% em 2015. No caso da gasolina e do diesel, a consultoria espera reajustes de 8% e de 5,9%, respectivamente para 2015.

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A consultoria Tendências espera reajustes mais salgados para as tarifas do que a LCA para este ano e o próximo. Nas contas da economista Adriana Molinari, os preços administrados devem subir 5,09% em 2014 e 7,64% em 2015. Ela destaca o salto dos administrados que deve ocorrer este ano, com variação de 5,09% ante variação de 1,52% em 2013, e reafirma a disparada das tarifas em 2015.

“O preço da energia elétrica caiu 15,65% em 2013 e o aumento médio esperado para este ano é de 17,5%. Esse é um item relevante que contribuiu para o salto dos administrados neste ano”, diz ela. Para 2014, Adriana projeta reajuste de 10% para a energia elétrica, de 10% para a gasolina na bomba, além do reajuste das tarifas de transporte.

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Em contrapartida, ela observa que os preços livres devem arrefecer em 2015 por causa da atividade fraca. Para 2014, ela prevê que a inflação dos livres deve atingir 6,61%, ante 7,27% em 2013. E para 2015, os preços livres devem subir 5,85%. Detalhe: para este ano e o próximo, a economista projeta IPCA de 6,3%. “A desaceleração dos preços livres deve ser compensada com a alta dos administrados.”

Realinhamento

O realinhamento progressivo dos preços administrados deve ficar nítido no ano que vem. Nas contas do economista da Rosenberg Consultores, Leonardo França, a inflação das tarifas deve atingir 8,5% em 2015, enquanto os preços livres devem aumentar 5,3%. Para 2015, ele espera reajuste de 20% para energia elétrica, 10% para a gasolina e 10% para a tarifa de ônibus.

Na opinião de Costa e dos demais economistas, é pouco provável que o governo reajuste o preço da gasolina neste ano, após as eleições. A razão para adiar o reajuste para 2015 é que não haveria espaço para comportar o aumento este ano sem estourar o teto da meta de inflação de 6,5%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.