Curitiba registrou alta de 1,19% no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) em março, conforme pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). O índice ficou 0,58 ponto percentual acima da taxa de fevereiro (0,61%). No ano, a inflação acumulada para famílias que ganham de um a quarenta salários mínimos é de 3,72% – contra 1,48% no primeiro trimestre de 2002. Nos últimos doze meses, o IPC teve variação de 14,49% – a mais alta nesse comparativo desde 1999, quando o levantamento começou a ser feito. Em março do ano passado, o acumulado dos doze meses anteriores era de 6,51%.
O grupo Alimentos e Bebidas teve a maior influência no IPC do último mês, com elevação de 1,58%. As maiores altas ocorreram no tomate (62,29%), em função da quebra de safra, e café em pó (3,93%). As quedas do pão francês (-3,05%) e da batata-inglesa (-3,65%) não foram suficientes para reverter o aumento do grupo. O segundo maior impacto na taxa veio de Saúde e Cuidados Pessoais, com variação de 2,92%, pressionado pelo reajuste de 6,56% nos medicamentos. Revertendo as quedas do primeiro bimestre, Vestuário teve incremento de 1,65%. Em Habitação, a variação foi 0,73%, motivada principalmente pelo gás de botijão, que encareceu 8,29%. Em fevereiro, o produto teve redução de 9,88%. No ano, o preço do gás caiu 0,95%, mas nos últimos seis meses aumentou 21,85%.
Já Transporte e Comunicação registrou aumento de 0,76%, refletindo ainda o reajuste da tarifa de ônibus urbano ocorrido no final de fevereiro, com impacto de 10,33%. Foi o item que mais contribuiu para a inflação de março. Porém os combustíveis tiveram queda, em função dos preços promocionais praticados pelos postos: gasolina (-4,42%) e álcool combustível (-2,08%). No gênero Despesas Pessoais, houve alta de 0,59%, enquanto Artigos de Residência teve acréscimo de 1,02%. Dos 336 produtos e serviços pesquisados, 218 apresentaram aumento no mês passado, 85 tiveram queda e 33 permaneceram com preços estáveis.
Tendências
Para abril, os técnicos do Ipardes projetam inflação abaixo de 1%, possivelmente ao redor de 0,5%. “A pressão maior dos combustíveis já passou, o aumento do ônibus já saiu em fevereiro, nenhuma tarifa pública tem reajuste previsto para este mês e alimentos e bebidas começam a reduzir a alta”, analisa o economista Gino Schlesinger. “Existe uma pressão grande dos supermercadistas para não aceitarem reajuste grande de preços da indústria”, comenta o economista Carlos Renato Sofka. A “surpresa desagradável” deve ocorrer no Vestuário. “Com a entrada das coleções de inverno e reposição dos estoques, a tendência é os preços subirem”, aponta Schlesinger. Mesmo assim, o impacto na taxa mensal não deve ser tão grande, já que o peso desse grupo é o menor do IPC (6,78%).
De acordo com os economistas do Ipardes, a guerra não terá influência significativa nos índices de inflação do Brasil. “O Iraque não era um grande exportador. À medida que a guerra se desenrola e não há perspectiva de ser longa, cria-se uma perspectiva futura de maior oferta de petróleo”, observa Schlesinger, salientando que no Brasil o fator que mais afeta o custo de vida é o câmbio. “Não se sabe se a conjuntura dos últimos dias, que criou um clima favorável no mercado, vai se manter”, afirma.
