A inflação dos alimentos no atacado e no varejo impulsionou a alta de 0,61% do Índice Geral de Preços Mercado – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de agosto. No atacado, a alta dos alimentos tornou-se mais intensa (de 0,38% para 2,89%) de julho para agosto, pressionada pelo fim da deflação e aceleração de preços tanto entre os itens in natura (de -2,15% para 1,38%) quanto entre os alimentos processados (de 1,18% para 3,35%). No varejo, os preços dos alimentos mudaram de trajetória (de -0,67% para 0,80%). Na prática, a combinação destas elevações acende um sinal de alerta para a inflação do varejo em setembro.
Para o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, o que ocorre no momento é uma série de fatores que pressionam para cima os preços do setor de alimentação, que vão desde problemas setoriais como quebras de safra ao aumento de demanda no mercado doméstico. Isso tornou as elevações de preços mais abrangentes no atacado, abarcando setores que vão de carnes a grãos. “Alimentação no atacado não sobe somente por causa de itens in natura, ou um item isolado; há elevações em vários itens, como carne bovina (4,74%) e açúcar cristal (11,51%)”, acrescentou.
Aumentos espalhados nos preços dos alimentos atacadistas em agosto podem conduzir a repasses de elevações de preços para o setor de alimentação no varejo no próximo mês. Isso seria uma pressão inflacionária a mais tanto no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), dentro dos IGPs, como no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de acordo com Quadros. “Estamos em uma onda de elevação de preços dos alimentos no atacado que ainda não chegou totalmente no varejo. Vai demorar um pouco para que esta alta se dissipe. Isso leva um pouco de preocupação para o cenário da inflação em setembro”, avaliou.