O economista Francisco Eduardo Pires de Souza, do Grupo de Conjuntura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), avalia que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deverá baixar a taxa básica de juros na próxima quarta-feira (21), mas manterá sua postura conservadora. Embora afirme que há espaço para um corte de até um ponto percentual na taxa (hoje em 13,75% ao ano), o economista considera mais provável que a redução oscile entre 0,50 ponto percentual a 0,75 ponto percentual.
“Há espaço, sim, para reduzir bastante os juros, em até um ponto percentual. Mas não é pouco provável que eles (membros do Copom) façam, porque sempre ficam aquém do que a média”, analisou Pires, em entrevista à Agência Brasil. Ele não descartou totalmente, entretanto, que o Copom possa surpreender. “Mas, pode até haver uma surpresa, porque realmente existe espaço para um corte um pouco mais ousado”.
A desaceleração do crescimento da economia, segundo ele, justifica a queda dos juros. “Já não há pressão de demanda sobre os preços e, em conseqüência, sobre a inflação. E o desemprego já está aumentando”. Pires lembrou, inclusive, que os indicadores de preços mais recentes mostram taxas negativas para a inflação: -0,31% do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) e -0,85%, no IGP-10 de janeiro).
“O comportamento da inflação está bem controlado, bem como as forças que pressionam a inflação. A demanda caiu bastante, o preço das matérias-primas também está caindo, refletindo a queda dos preços internacionais. Isso vai, aos poucos, se transmitindo para os preços dos produtos finais também. Todos esses fatores acabam compensando o único fator inflacionário presente na economia hoje, que foi a alta da taxa de câmbio”, esclareceu.