O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) avalia que a inflação consolidou a trajetória de convergência em direção à meta de 4,5% em 2017. A análise foi feita considerando a taxa acumulada no ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), que foi de 6,58%, bem abaixo da registrada em 2015 (10,71%).
“Com o fim do impacto da forte alta nos preços dos alimentos, a partir de setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) iniciou uma trajetória de desaceleração mais intensa, processo que se intensificou em dezembro, como mostra o resultado do IPCA-15”, segundo a seção de inflação da Carta de Conjuntura do instituto, divulgada nesta quarta-feira, 21.
O documento destaca que o maior alívio veio do grupo alimentação, o que já vem ocorrendo ao longo do último trimestre. “A tendência é que esta melhora se mantenha nos próximos meses, tendo em vista que os preços agrícolas ao produtor medidos pelo IPA-10 em dezembro revelam uma intensificação deste processo de deflação (-1,5% em dezembro ante -1,0% em novembro)”, diz o Ipea.
A autora do estudo sobre inflação e pesquisadora do Grupo da Carta de Conjuntura do Ipea, Maria Andréa Parente Lameiras, prevê que em 2017 haverá nova desaceleração da taxa de inflação. “Teremos ainda uma economia crescendo lentamente, com um mercado de trabalho pouco dinâmico. As pessoas continuarão com um poder aquisitivo reduzido, o que, novamente, puxará a inflação, sobretudo dos bens e serviços livres, para baixo”, disse.
Ela também avalia que há uma postura mais transparente da nova diretoria do Banco Central, “que contribui para um aumento da confiança do mercado no cumprimento da meta, gerando uma queda nas expectativas futuras e possibilitando um recuo mais rápido da taxa de juros”.
Na avaliação do Ipea, os riscos para a consolidação desse quadro são baixos, porém existentes, e estão, basicamente, conectados ao mercado externo. “Pode ocorrer alguma desvalorização cambial decorrente de medidas adotadas pelo novo governo norte-americano, com impacto nos preços comercializáveis. Além disso, o recente acordo entre os produtores de petróleo pode gerar uma alta nos preços domésticos dos combustíveis, cuja regra de reajuste passou a refletir as cotações internacionais”, afirma a pesquisadora.