Brasília (ABr) – Pesquisa semanal realizada pelo Banco Central junto a uma centena de analistas de mercado e instituições financeiras mostra que a expectativa de inflação está em alta há dez semanas. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza as correções oficiais, aponta para inflação de 6,30% (ante 6,28% na semana anterior), distanciando-se cada vez mais da meta ajustada pelo BC, de 5,1% no ano.
O aumento reflete, em parte, a evolução dos preços administrados por contratos, ou monitorados, que envolvem combustíveis, energia elétrica, telefonia, transporte público, água, medicamentos, educação e outras necessidades básicas. Os reajustes das tarifas desses produtos e serviços estão em alta constante, e a previsão de aumento acumulado de 7,20% há um mês, passou para 7,65% na semana passada, e agora a previsão é de 6,70%.
A taxa básica de juros (Selic), hoje de 19,5% ao ano, não deve cair mais que 1,5 ponto percentual neste ano, segundo a pesquisa do BC. De acordo com os técnicos consultados, a previsão da Selic para o final de 2005, que era de 17,75%, evoluiu para 18%. A redução da taxa, aguardada para breve, deve ter o cronograma de redução retardado um pouco, no entender dos analistas, por causa da resistência inflacionária.
Eles mantiveram, contudo, o prognóstico de 15,50% para o fim de 2006. Isso, num cenário em que não haja surpresas quanto ao comportamento do câmbio, que deve encerrar o ano cotado a não mais que R$ 2,75 por dólar, chagando a R$ 2,90 no final do ano que vem.
O Boletim Focus aumentou de US$ 14,5 bilhões para US$ 15 bilhões a previsão para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no país este ano – mesma expectativa para 2006 -, mas ainda aquém da meta revisada pelo BC para US$ 16 bilhões.
A perspectiva de saldo para a balança comercial foi mantida em US$ 34,01 bilhões neste ano (US$ 28 bilhões no ano que vem), com possibilidade de o saldo em conta corrente, que envolve todas as transações com o exterior, aumentar de US$ 8,10 bilhões, na semana passada, para US$ 9 bilhões na estimativa atual (US$ 3,60 bilhões em 2006).
Em contrapartida, porém, a pesquisa do BC aponta para queda continuada da produção industrial: de 4,64% para 4,50% neste ano e de 4,70% para 4,50% no ano que vem, na comparação semanal. Isso reflete negativamente também no Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas no país.
Segundo os analistas de mercado, o crescimento do PIB, antes previsto para 3,64% neste ano, não deve superar 3,60%, com previsão de 3,50% em 2006. Redução que implica em leve aumento da relação entre dívida líquida do setor público e PIB, que passa de 51,50% para 51,60% em 2005, e evolui de 50,20% para 50,45% no ano que vem.