A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) avançou para 0,61% em março. Em fevereiro, havia sido de 0,59%. Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado foi levemente superior às projeções de analistas. Segundo o último Relatório de Mercado do Banco Central, a expectativa era de uma variação de 0,60% em março. Curitiba teve a terceira maior alta do índice, acima da média nacional, com 0,85%, mais que o dobro do verificado em fevereiro, quando chegou a 0,20%. No ano, em Curitiba, o IPCA acumula alta de 1,42%.
O IPCA acompanhou o movimento de alta dos demais indicadores em março. O IGP-DI (Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna), divulgado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulgado na quarta-feira, chegou a 0,99%, impulsionado pelas matérias-primas agropecuárias. Elas foram influenciadas pelo fenômeno da estiagem no Rio Grande do Sul.
Segundo a gerente da Coordenação de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, os efeitos da estiagem ainda não chegaram ao varejo. Depois de sofrer a influência dos reajustes de matrículas e mensalidades em fevereiro, o índice deste mês foi afetado pelo aumento da tarifa de ônibus urbano em Porto Alegre e São Paulo. O item ônibus urbano registrou alta de 5,02% e teve impacto de 0,25 ponto percentual na taxa deste mês.
Em março, os cursos registraram variação de 0,50%, bem abaixo dos 6,29% de fevereiro. Também teve participação importante na inflação do mês o avanço das contas de água e esgoto, que subiram 4,42% devido ao reajuste em seis regiões.
Por outro lado, alguns itens, como alimentação, mostraram desaceleração no mês. O item Alimentos diminuiu a alta de 0,49% para 0,26%, com destaque para as hortaliças que registraram deflação de 4,23% e a farinha de mandioca, que teve queda de 2,34%.
No primeiro trimestre, o IPCA acumula alta de 1,79%, contra 1,85% em igual período do ano passado. Segundo Santos, a tônica da inflação no primeiro trimestre foi estabilidade, a taxa tem se mantido em torno do patamar de 0,60% desde o início do ano.
Entre as regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, a taxa mais alta foi verificada em Belo Horizonte e São Paulo (0,87% nas duas cidades). A mais baixa foi apurada em Salvador (-0,15%).
O IPCA é o índice que baliza as metas de inflação definidas pelo Banco Central. Depois de sete altas consecutivas da taxa de juros, analistas apostam que o ciclo de aumento de juros esteja próximo do fim. Desde setembro a taxa passou de 16% ao ano para 19,25% ao ano.
O índice se refere a famílias com rendimento entre um e 40 salários mínimos e abrange Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Brasília e Goiânia.
Pressão foi maior entre os que ganham menos
A inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) avançou para 0,73% em março. Em fevereiro, o índice havia apurado alta de 0,44%. O avanço foi motivado principalmente pelo item ônibus urbano, com o reajuste do preço da passagem em São Paulo e Porto Alegre.
O aumento de 3,91% do item ônibus urbano contribuiu com 0,34 ponto percentual na inflação do mês passado. Com isso, o INPC registrou um resultado superior ao IPCA de março, que ficou em 0,61%.
A inflação de abril também deverá ser afetada pelos reajustes de ônibus. O índice ainda não captou integralmente os aumentos em São Paulo e Porto Alegre e o preço da passagem no Rio vai subir 12,5% a partir de hoje.
Os alimentos registraram desaceleração: passaram de 0,43% em fevereiro para 0,23% em março. Segundo o IBGE, o efeito da desvalorização do dólar tem contribuído com a queda de preço de alguns produtos como farinha de trigo e óleo de soja. No primeiro trimestre, o INPC acumula alta de 1,75% e nos últimos 12 meses de 6,08%.
O INPC se refere a famílias com renda de um a oito salários mínimos e abrange nove regiões metropolitanas do País, além do município de Goiânia e Brasília, enquanto que o IPCA mede a inflação entre as famílias com rendimento de até 40 salários.
Cheques sem fundos voltam a crescer após 3 meses
Estudo nacional da Serasa revela que a proporção de cheques devolvidos por falta de fundos aumentou em fevereiro de 2005. Após três quedas consecutivas, o indicador registrou uma alta de 3,2% sobre janeiro. Foram devolvidos 15,8 cheques a cada mil compensados, enquanto janeiro registrou 15,3 cheques devolvidos por mil compensados.
De acordo com o levantamento divulgado ontem, este ano, em todo o País, 153,4 milhões de cheques foram compensados, sendo 2,42 milhões devolvidos por insuficiência de fundos.
Já em relação a fevereiro de 2004, houve queda na inadimplência. Naquele mês, foram devolvidos 16 cheques sem fundos por mil compensados. Na relação com o mesmo mês de 2005, a diminuição no volume de cheques sem fundos foi de 1,25%.
Segundo os técnicos da Serasa, os resultados verificados no indicador de cheques devolvidos são influenciados por fatores que refletem o atual momento da economia do País, em especial os recentes movimentos no mercado de trabalho e na renda disponível. Por um lado, em fevereiro de 2005, houve uma alta no nível de desemprego do País, mantendo o comportamento sazonal típico do início de ano, mas em patamares melhores que no mesmo período do ano passado. O pequeno aumento na renda real, por outro lado, contribuiu para manter uma relativa capacidade de pagamento das famílias.