Objeto de monitoração permanente do Banco Central e fator de preocupação recente no comunicado emitido pela instituição após a reunião de quarta-feira (16) do Comitê de Política Monetária (Copom), a inflação apresenta um cenário de altas que começa a ficar mais “delicado”. A avaliação é do economista e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Rafael Costa Lima, que, em entrevista à Agência Estado, mostrou preocupação com o comportamento do indicador paulistano neste início de 2013.
“Há muita pressão inflacionária no horizonte com pouca pressão deflacionária”, disse Costa Lima, logo após elevar a projeção para o IPC de janeiro, de 0,96% para 0,98%, para a capital paulista. “A situação está ameaçando ficar incômoda”, lamentou, acrescentando que, caso sua expectativa seja confirmada, o resultado do IPC no acumulado de 12 meses atingiria o nível de 5,43% em janeiro.
Este resultado acumulado representaria um aumento de 0,33 ponto porcentual ante o número de dezembro, de 5,10%, que foi a taxa oficial de inflação de São Paulo em 2012. Um resultado de 5,43% também já superaria, se ratificado, a própria estimativa da Fipe para o acumulado de todo o ano de 2013, que atualmente é de 5,4%.
“Se pensarmos que o IPC em 12 meses estava no nível de 4,10% em agosto e, agora, está caminhando para casa de 5,40%, é difícil falar em convergência para metas”, comentou o coordenador, fazendo uma correlação do indicador da Fipe com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o indicador oficial do País e que tem como meta central perseguida pelo BC a taxa de 4,5%. “Está começando a preocupar”, destacou.
Para Costa Lima, com todas as pressões atuais deste início do ano no IPC-Fipe, como as de Educação, cigarro e passagens áreas, e com as expectativas de reajustes nos preços de combustíveis e nas tarifas de ônibus para o restante de 2013, os riscos de aceleração nos indicadores de inflação são muito maiores do que as possibilidades de desaceleração da alta. Com o sentimento crescente de que a inflação está subindo, ele avaliou que o papel do governo na coordenação das expectativas tende a ficar mais complicado.
“Vai ter muita dificuldade para coordenar as expectativas”, opinou o economista. “Essa é a grande crítica desta nova condução da política monetária, já que, se não existir um comprometimento da convergência mais rápida ao centro da meta, as pessoas deixam de acreditar neste centro da meta”, afirmou.
O coordenador do IPC disse ainda que uma taxa de inflação perto de 5,5% não é algo que possa ser “deixado para lá”. De acordo com ele, com o atual cenário de crescimento ainda fraco, a própria missão do governo no controle da inflação fica mais difícil, já que, se voltar a subir a taxa básica de juros, pode prejudicar também a retomada do aquecimento econômico desejado. “Hoje, estamos mais perto de um cenário negativo que imaginávamos que poderia acontecer, no qual a retomada da economia é lenta e a inflação começa a subir. Ou seja, combater a inflação agora é algo bastante custoso para o País”, lamentou.