O cenário atual para o varejo não é tão bom quanto o do ano passado. A inflação alta e uma menor renda real do trabalhador apontam para uma desaceleração no resultado do comércio este ano, aponta a economista da Tendências Consultoria Integrada Mariana Oliveira. “Depende um pouco da evolução desses condicionantes nos próximos meses e, para piorar, não temos recuperação do mercado de crédito ainda”, afirmou. O resultado fraco de fevereiro, divulgado na manhã desta quinta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o “ambiente econômico em geral piorou bastante no começo desse ano ao que se refere aos condicionantes do consumo.”
“Tivemos renda real caindo em janeiro e fevereiro e alta de preços generalizada no IPCA, particularmente em itens de alimentação já relacionados às vendas de não duráveis”, afirmou. “Tudo isso culmina em queda nas taxas de confiança do consumidor e queda nas vendas.”
A projeção da consultoria para o varejo restrito é de alta de 5,2% neste ano, com viés de baixa, contra um aumento de 8,4% apurado em 2012. “Mesmo esse número forte tem um risco cada vez mais elevado. Esperamos que essas questões todas deem uma acalmada, que não afetem tanto a renda das famílias e que os preços deixem de subir, mas está cada vez mais difícil”, avaliou.
A expectativa é que o governo lance mão de novas medidas para segurar os preços a curto prazo e também que a questão sazonal de início do ano deixe de afetar o valor dos alimentos. “Não temos expectativa de aumento de juros nesse ano, tendo como base as últimas tomadas de decisão do Banco Central, mas acreditamos que ele já deveria ter subido a Selic.”