São Paulo – Os metalúrgicos de São Paulo já estão em estado de alerta. Reclamando da manutenção da taxa de juro em 26,5% ao ano, algumas empresas já querem adotar medidas compensatórias, como redução da jornada e salários, para reduzir a queda no faturamento. Esse é o caso dos fabricantes de torneiras, fechaduras e dobradiças, filiados ao Sindicato da Indústria de Artefatos de Metais Não-Ferrosos do Estado de São Paulo.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Eleno José Bezerra, o sindicato patronal do setor quer reduzir a jornada semanal de trabalho para driblar a queda nas vendas.
Bezerra disse que os empresários do setor alegam que precisam adotar essa medida para compensar a queda de 35% nas vendas de maio. “Não negociamos nada ainda, pois só aceitamos fechar acordo de redução da jornada sem diminuição de salário.”
O problema, segundo Bezerra, é que as empresas do setor querem aplicar uma redução salarial proporcional à diminuição da jornada de cinco para quatro dias por semana.
Mantendo emprego
O setor de metais sanitários não-ferrosos emprega cerca de 20 mil trabalhadores, segundo dados do sindicato.
Bezerra disse que se o juro não for reduzido na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, as empresas ameaçam tomar medidas ainda mais drásticas.
“Corremos o risco de iniciar o segundo semestre com campanhas salariais reivindicando emprego”, afirmou o sindicalista.
O relatório de Relações do Trabalho, divulgado ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostrou que o reajuste salarial foi o principal tema das negociações salariais do primeiro trimestre de 2003. Os metalúrgicos da Força Sindical, por exemplo, desencadearam uma série de manifestações para antecipar um reajuste salarial de 10% para repor as perdas inflacionárias.
No entanto, algumas categorias, como os gráficos do Ceará e de Manaus, obtiveram no primeiro trimestre reajustes inferiores à variação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
O relatório mostrou que o salário real do trabalhador empregado na indústria registrou uma queda de 6,18% no bimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Levando em conta o salário real por trabalhador, a queda foi ainda maior: 7,3%.
“Já tem empresa querendo dar férias coletivas para driblar a queda da atividade. Estamos preocupados, pois o problema que está motivando essa situação não depende do sindicato. As empresas reclamam do juro alto e isso depende do Copom”, disse Bezerra.
