O Paraná fecha 2003 batendo recorde nas exportações. A estimativa do Centro Internacional de Negócios (CIN), ligado à Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), é que as vendas externas atinjam o patamar histórico de US$ 7 bilhões, tendo assim uma balança comercial positiva superior aos US$ 3,4 bilhões. Mas as boas notícias não param. A previsão para 2004 é que as exportações paranaenses cresçam ainda mais. ?Tudo sinaliza para um bom ano?, afirma o coordenador do CIN, Osvaldo Pimentel.
O CIN prevê alta de 10% nas vendas paranaenses ao mercado internacional no próximo ano. O próprio coordenador admite que este número é conservador e segue, no momento, o percentual projetado pelo governo federal. Pimentel conta que nos últimos quatro anos o crescimento paranaense superou a média nacional. Em 2003, o crescimento até novembro era 23,56% superior ao de 2002, ano da crise Argentina. Naquele ano, mesmo com a retração no Mercosul, o empresariado paranaense conseguiu manter as vendas em alta de 7,2%.
Pimentel diz que hoje há sinais claros de retomada da economia mundial, inclusive da Argentina. O FMI projeta um crescimento de 4% do PIB para o nosso vizinho do Mercosul. O mesmo percentual está previsto pelo Federal Reserve System (Fed, banco central dos EUA) para a economia americana. ?Outro país que deixa a estagnação, após cinco anos consecutivos, é o Japão?, diz Pimentel. O FMI estima um crescimento da economia japonesa de 2%. ?Com isto, as economias dos demais países asiáticos serão puxadas?, avalia.
Parceiros
Mas a aposta de boas exportações em 2004 não leva em conta somente o aquecimento econômico. Além da previsão de uma safra recorde para 2004, nos últimos dez anos, os empresários paranaenses conquistaram novos mercados e também diversificaram a pauta de exportações, ampliando a presença de produtos industrializados. O resultado foi um ganho financeiro maior.
Em 1993, os paranaenses obtiveram US$ 2,481 bilhões com vendas internacionais e fecharam a balança comercial em US$ 1,280 bilhão. Uma década depois, as vendas cresceram duas vezes e meia (com previsão de fechamento em US$ 7 bilhões) e dobraram os ganhos obtidos na balança comercial (que em novembro estava próximo de US$ 3,4 bilhões).
Neste período, os empresários paranaenses ampliaram o número de países parceiros. Saíram de pouco mais de 100 para fechar em novembro de 2003 vendendo para 177 nações. É o caso de Belarus, ex-república ligada ao governo soviético, para onde o Paraná vendeu US$ 163 mil, em 2003. Mas há parcerias mais consistentes como a da China, em que as vendas internacionais são em volume bem mais significativo.
Hoje o mercado chinês é o segundo destino dos produtos paranaenses, perde apenas para os EUA. Até novembro de 2003, os chineses compraram US$ 709 milhões em mercadorias do Paraná. Em 1996, as vendas para a China não passavam de US$ 260 milhões. Para este país, o Paraná exporta o complexo soja, com destaque para o óleo refinado de soja, além de motores, bombas injetoras de combustível, entre outros.
Osvaldo Pimentel diz que a comercialização com a China, Índia, países árabes e África é resultado de um trabalho de conquista de mercado, que começou no governo Fernando Henrique Cardoso e segue na atual gestão federal. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve visitando África e países árabes.
Pauta de exportações é diversificada
Para os países do Oriente Médio, o Paraná não se limita a exportar os produtos básicos (como o frango). Na pauta de exportação, estão produtos industrializados. Antes da intervenção americana, o Iraque pagou mais de US$ 2 milhões em compra de tratores e peças fabricadas no Paraná. Este mesmo setor, o metal-mecânico, tem clientes na Indonésia, Tailândia e Malásia, considerados novos parceiros dos paranaenses.
Na pauta de exportação de 2003, houve crescimento significativo de diversas mercadorias manufaturadas. Só em chassis com motor diesel e cabine houve um crescimento de 588,30% em relação a 2002. Para máquinas e aparelhos para colheita, o incremento foi de 252,58% com relação ao ano anterior.
Osvaldo Pimentel, do CIN, mostra que a receita vinda da venda de produtos industrializados aumentou o valor ganho com as exportações paranaenses. Em 1992, 50,61% (ou US$ 1,067 bilhão) do que era exportado pelo Paraná vinha de produtos básicos. No mesmo ano, o setor industrial respondia por 48,77% (US$ 1,029 bilhão) da pauta de negócios internacionais. Em novembro de 2003, os produtos básicos representavam 42,82% ou US$ 2,825 bilhões. E os produtos industrializados passaram para 56,08%, com US$ 3,7 bilhões.
Pimentel entende que a ampliação destes produtos industrializados é resultado da inserção do pólo automotivo no Paraná. ?A modernização tecnológica do parque industrial paranaense acabou vindo na esteira da implantação das montadoras?, explica.
De acordo com ele, as empresas para competir no mercado internacional melhoraram a qualidade e produtividade de sua produção. ?Mesmo quando exporta para a Argentina, que é um país do Mercosul, o empresário paranaense tem que disputar mercado, por exemplo, com produtos espanhóis e americanos. Por isto, vai precisar ter um diferencial de preço e obter as certificações exigidas internacionalmente?, afirma.