A expectativa dos industriais paranaenses é que o segundo semestre de 2004 será melhor em vendas, comércio internacional e na abertura de negócios. Os dados são da pesquisa do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), realizada entre os dias 24 a 29 de junho, com as 40 maiores empresas paranaenses.
Para 39,3% dos entrevistados pela Fiep, os próximos seis meses deverão registrar aumento de vendas. O volume esperado de negócios é 16% superior ao do segundo semestre de 2003 e 13,5% maior em relação aos resultados do primeiro semestre deste ano. Para 8,2% dos empresários haverá redução nas vendas até o fim de ano.
“Tradicionalmente, o segundo semestre é melhor em vendas. Neste ano, a oxigenação do mercado está acontecendo por causa do aumento nas exportações”, afirma o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures. Os dois setores que estão puxando as vendas internacionais paranaenses são do agronegócios e o automotivo.
Em 2003, o faturamento do setor industrial teve retração de 12,15% e, até maio deste ano, houve recuperação de apenas 1,63%. “O setor industrial está anêmico. O crescimento nas vendas e nos faturamentos é uma recomposição das margens”, acrescenta Rocha Loures.
O coordenador do Departamento Econômico, Maurílio Schmitt, informa que se houver um crescimento nominal de 16% no faturamento das vendas neste ano, o setor vai alcançar os patamares de 2002. “Para crescermos, o PIB tem que ultrapassar a projeção de 3% a 5%. O ideal para gerar novos investimentos, empregos e renda é acima de 7%”, avalia Rocha Loures.
Mercado
Para mais da metade do setor industrial (57,5%), os mercados internos – brasileiro e paranaense – devem passar por um reaquecimento. No entanto, 30% acreditam que a comercialização deve continuar nos níveis atuais e 12,5% acreditam em mais retração no mercado.
A percepção dos empresários sobre as exportações é mais cautelosa. As vendas internacionais devem crescer, para 55,5% dos entrevistados. Porém, 41,6% consideram que não haverá grandes aumentos do comércio internacional e o nível deve permanecer como está. Apenas 2,7% apostam em redução das exportações.
Em razão da aposta no aquecimento dos mercados externo e interno, 44,1% dos empresários ouvidos deverão realizar novos investimentos no segundo semestre. Já 55,8% não farão investimentos. “O volume de novos investimentos não é maior por causa da combinação perversa de elevada tributação e altos juros”, diz Rocha Loures. O presidente considera que os juros do BNDES e os juros comerciais entre 50% a 80% são altos.
Entre os industriais que vão investir, 42,8% pretendem lançar novos produtos no mercado. Outros 35,7% pretendem abrir novos negócios e 21,4% deverão ampliar a capacidade instalada em 12%, em média.
Governo federal
Seguindo a tendência dos institutos de pesquisas, metade dos empresários consideram que a política econômica do governo federal é regular. Nenhum industrial considera como ótima a linha adotada pelo Ministério da Fazenda. Outros 22,5% consideram que a política é boa. No entanto, 20% consideram ruim e 7,5% avaliam como péssima.
Para Rocha Loures, o governo tem medo do crescimento econômico. O presidente da Fiep entende que a estimulação da economia é a solução para o desenvolvimento do Brasil. “O Brasil tem uma inflação de custos, pressionados pelos preços administrados, juros altos e os monopólios. O ideal é que o país favoreça o ganho de produtividade, gerando mais renda no mercado”, avalia.