Apesar da Páscoa deste ano ser um pouco mais tarde que o normal – dia 12 de abril apenas, as fábricas de chocolate de Curitiba e região metropolitana estão com a produção a todo o vapor. Há até quem já esteja com os produtos prontos para serem enviados para todo o Brasil. Consultadas, as empresas dizem que a crise econômica não alterou o planejamento para este ano, iniciado pela maioria das marcas antes do colapso, e não deve alterar muito para os anos seguintes. Tanto que, em muitas delas, a previsão de efetivação dos temporários contratados deve continuar na média dos anos anteriores.

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Na fábrica da Lacta – marca pertencente à Kraft Foods Brasil -, na Cidade Industrial de Curitiba, a produção ficou pronta durante a semana. São, segundo a assessoria de imprensa da marca, 21 milhões de ovos de chocolate que saem daqui para todo o País. Foram contratados 1.050 temporários para a produção na fábrica, mais 6,1 mil para promoção e vendas, sendo que estes ficam espalhados por grandes lojas e supermercados brasileiros. A intenção da empresa é manter a média de efetivação dos últimos cinco anos, que foi de 30%.

Ainda segundo a assessoria de imprensa da Lacta, a crise não chegou a afetar a produção. Como, na empresa, a Páscoa costuma ser planejada com pelo menos 18 meses de antecedência, todos os projetos programados para este ano já estavam em andamento, e não foram alterados. A assessoria também informa que mesmo a Páscoa do ano que vem, que já está sendo pensada, não passou por mudanças de planos.

Artesanais

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Na Chocolates Icab, que funciona no centro de Curitiba, não se fala em crise. De acordo com o sócio-gerente da empresa, Thiago Cini Muffone, a produção para este ano está 10% maior do que a de 2008. O planejamento, segundo ele, é feito de acordo com o movimento do último Natal, que também foi maior, na mesma proporção. “A produção não para até a Páscoa. Estamos preparados até para produções extras”, conta. A Páscoa representa, para a empresa, cerca de 40% das vendas do ano.

De mudanças em relação ao ano passado, Muffone detalha que apenas a matéria-prima ficou um pouco mais cara. “Mas não repassamos o aumento ao produto”, ressalta. Como a produção da fábrica é artesanal, Muffone diz, ainda, que poucos temporários são contratados. “É um negócio bem específico, que precisa de bastante experiência”, informa. Por isso, apenas dois funcionários novos foram contratados temporariamente, e se juntaram à equipe que conta com outros 20. A previsão, segundo o sócio-gerente, é de que, depois da Páscoa, os dois colaboradores continuem na equipe como efetivos.

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Matéria-prima

Quem produz chocolate destinado a indústrias também registrou aumento normal na produção para a Páscoa deste ano. Pelo menos é o caso da Reforpan, que produz as marcas Salware e Castor, e destina apenas parte da produção ao consumidor final. De acordo com o gerente de produção da empresa, Remi Lovera, a empresa decidiu não produzir ovos de chocolate, este ano. Mas os motivos não têm a ver com a crise. “Como mudou a administração, mudou também o foco e optou-se por não fabricar ovos. A decisão foi tomada já no primeiro semestre do ano passado”, afirma.

Segundo Lovera, três meses antes da Páscoa o número de colaboradores na fábrica costuma aumentar de 30% a 40%, e este ano não foi diferente – mesmo sem a produção de ovos de chocolate. Hoje, são 45 pessoas trabalhando na área de produção da empresa. Segundo Lovera, Parte dos temporários contratados certamente será contratada em definitivo, até para cobrir a rotatividade natural que acontece entre os funcionários efetivos.

Data in,fluenciou positivamente o planejamento

Na Barion, estabelecida em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, o fato da Páscoa deste ano ocorrer em abril fez toda a diferença na hora do planejamento. “É um período adequado sobre o ponto de vista dos compromissos financeiros das famílias. Isto significa uma menor concorrência com as tradicionais despesas do início do ano”, avalia o diretor executivo da empresa, Carlos Esteves. O projeto para este ano foi iniciado ainda em outubro. “Mantivemos a base de 2008 para dimensionarmos os volumes de 2009”, informa.

A previsão da empresa é de produzir 400 mil unidades de ovos, variando de 160 a 350 gramas. A companhia diz que contratou, para a produção, 90 temporários, que ficam até o dia 10 de março, quando encerra-se a produção para a Páscoa deste ano. Também serão contratados mais 40 temporários, para a área de promotoria. A empresa ainda não tem previsão de quantos temporários serão efetivados.

Mas Esteves esclarece que isso independe da Páscoa. “Sempre efetivamos os melhores e procuramos utilizar o turnover (a saída natural) como meio de regular o nível de mão-de-obra da organização”, revela, dizendo que as contratações foram feitas para balancear o final de ano com o período de Páscoa. Apesar dos bons números, Esteves acredita que o segmento não está imune à crise econômica. Para ele, deverá haver alterações na relação de oferta e demanda, e o que irá determinar o impacto negativo ou não para cada organização será a “capacidade de antecipar e reagir rapidamente” às situações que aparecerem.

“Não projetamos crescimento nas vendas. Estamos concentrando nossa estratégia no resultado”, diz.

Preços

O executivo também prevê a possibilidade de pressão sobre os preços dos produtos, assim como um comportamento de substituição “por marcas menos tradicionais”, ou seja, por produtos mais baratos. Os efeitos seriam decorrentes, para ele, do fato de “algumas organizações terem dimensionado a oferta sobre um cenário ainda aquecido.” Esteves acredita, ainda, que apesar do aumento no salário mínimo, os efeitos das demissões, das reduções de jornadas de trabalho e do redimensionamento dos níveis de produção no País possam afetar, até abril, a demanda pelos produtos típicos da Páscoa.

“Muitas organizações iniciaram seu planejamento sobre uma base diferente daquela que provavelmente iremos encontrar em abril próximo. As compras dos insumos, a contratação de mão-de-obra e o início de produção ocorreram a partir do segundo semestre de 2008, sendo que já em outubro algumas empresas estavam em processo de produção para Páscoa”, explica Esteves.