As federações das indústrias dos Estados do Paraná (Fiep), Santa Catarina (Fiesc) e Rio Grande do Sul (Fiergs) iniciaram, esta semana, uma cruzada contra as propostas mais recentes de salários mínimos regionais que estão sendo discutidas na Região Sul.
Elas enviaram um documento à Confederação Nacional da Indústria (CNI) manifestando preocupação em relação às discussões, que alegam estarem tomando rumos político-partidários.
As federações querem, inclusive, discutir a constitucionalidade das leis que vêm criando os pisos estaduais, e pediram que a CNI intensifique seus estudos nesse sentido.
“Juntamente com a discutível constitucionalidade, verifica-se uma politização da discussão salarial, inserindo um componente político-partidário em questão, que deve ser resolvido pelos legítimos interessados empresários e trabalhadores”, diz o documento enviado à CNI.
Ao mesmo tempo que trabalha junto à Confederação, a Fiep também vai tentar, nas próximas semanas, convencer os deputados a votarem contra a porcentagem proposta para reajuste do mínimo regional no Paraná.
Os empresários temem um aumento nos custos de produção e a perda de competitividade dos produtos paranaenses em relação a outros estados, já que o piso proposto (que envolve aumentos de 11,9% a 21,5%, dependendo da categoria do trabalhador), é o maior do País.
Na última segunda-feira (8), cerca de 40 empresários e representantes sindicais das empresas foram à Assembleia Legislativa para acompanhar a entrega, pelo vice-governador Orlando Pessuti, do projeto de lei que propõe os reajustes deste ano.
Na ocasião, o coordenador do Conselho Temático de Relações do Trabalho da Fiep, Amilton Stival, afirmou que não é contra um piso regional, mas contestou as porcentagens propostas, alegando que as negociações salariais no Brasil usam como base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que foi de 4,1% em 2009.
Ciclo virtuoso
Para o economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os temores dos empresários têm pouco fundamento.
Ele lembra que boa parte dos trabalhadores já recebem acima do piso de suas categorias, e que apesar do mínimo poder exercer impacto indireto nas negociações salariais, os salários ainda estão muito abaixo do ideal.
Silva lembrou, ainda, que a renda média dos trabalhadores cresceu muito pouco, se comparada ao aumento da produtividade das indústrias, que cresceu mais de 80% desde 1988.
Ele também ressaltou que um piso mais alto ajuda a alimentar um “ciclo virtuoso”, já que as pessoas vão gastar a renda extra, movimentando assim o comércio e, por consequência, a própria indústria.