Industriais otimistas com o 2º semestre

Os empresários da indústria estão menos otimistas neste início de ano com a economia e com a situação da própria empresa para os próximos seis meses, segundo sondagem da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada ontem.

O resultado da pesquisa revela que o nível de otimismo, natural no início do ano, é o menor desde 1999, quando o país viveu uma crise cambial. Apesar do nível baixo em relação ao resultado de janeiro dos últimos seis anos, o indicador de expectativa sobre a empresa ficou em 66,1 pontos, contra 70,5 pontos registrados em janeiro do ano passado, e 53,6 pontos em 1999. Em 2003, início do governo atual, ainda um período de turbulência na área econômica, esse indicador ficou em 67 pontos.

Na avaliação do coordenador da Unidade de Pesquisa Econômica da CNI, Renato Fonseca, essa percepção do empresário ainda reflete o fraco desempenho da indústria no ano de 2005, independentemente do porte da empresa.

Os indicadores relativos à economia brasileira, sobre a qual os empresários não têm ingerência direta, são ainda menores: 58,4 pontos, enquanto historicamente esse índice supera os 60 pontos. No mesmo período do ano passado, esse índice ficou em 65,7 pontos, e o menor índice da série histórica também foi de 1999, quando atingiu 41,1 pontos.

Melhora no 2.º semestre

Para Fonseca, o resultado da economia e das indústrias tende a melhorar no segundo semestre deste ano. Para que essa previsão otimista se confirme, entretanto, ele aponta a necessidade de alguns ajustes, ou confirmações de tendências, como a manutenção da trajetória de queda da taxa básica de juros (selic) e da inflação.

Segundo ele, esses resultados provavelmente melhores que os divulgados ontem já começarão a ser percebidos na próxima Sondagem Industrial, prevista para abril.

?Os juros estão caindo, e a demanda comércio mundial está elevada?, avaliou o economista. Ele destacou ainda que os estoques da indústria tiveram uma queda importante no último trimestre, o que deverá impactar de forma positiva na economia, já que a eliminação de estoques indesejados abre espaço para o crescimento futuro da produção industrial.

Outro fator que deverá contribuir para essa recuperação da atividade industrial é a expectativa de aumento dos gastos do governo neste ano eleitoral.

Emprego

Apesar do nível relativamente baixo para as expectativas do empresário neste início de ano, o cenário para o emprego industrial é positivo. ?Não há mais intenção de corte nos postos de trabalho, como apontaram os dados de outubro de 2005, mas de estabilidade no emprego?, destaca o boletim da CNI.

Mesmo tendo ficado ainda abaixo da linha divisória de 50 pontos (o que significa mais demissões que contratações) a expectativa do empresário para os próximos seis meses (49,4 pontos) já é melhor que a registrada no trimestre anterior, quando esse índice ficou em 47,1 pontos.

Entretanto, o indicador referente ao último trimestre do ano ainda reflete o desaquecimento da atividade industrial, com 48,7 pontos. No mesmo período de 2004, esse índice havia ficado em 54 pontos.

Essa estabilidade, segundo Fonseca, pode ser considerada positiva principalmente depois do crescimento do emprego registrado nos últimos anos.

Além do emprego, a pesquisa sobre a expectativa do empresário para o primeiro semestre deste ano também revela um cenário favorável às exportações. Segundo ele, alguns setores ainda continuam se beneficiando das crescentes exportações, mesmo com um câmbio desfavorável.

Diante disso, a CNI também constatou, com a pesquisa, uma previsão de alta no faturamento e nas compras de matérias, primas nos próximos meses.

A pesquisa da CNI, feita a cada trimestre, foi realizada entre os dias 4 e 24 de janeiro, quando foram ouvidos representantes de 212 grandes empresas e 1.240 pequenas e médias empresas.

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