Segmentos da indústria se uniram a centrais sindicais para lançar uma “coalizão indústria-trabalho” e publicar um manifesto pela competitividade da indústria de transformação. No documento, constam reclamações tradicionais do setor sobre a dificuldade com câmbio apreciado, juros elevados, cumulatividade de impostos e alta carga tributária.
Apesar da desvalorização recente do real ante o dólar, o manifesto diz que “considerando-se o índice Big Mac, o Brasil ainda está cerca de 146% mais caro que Japão, China e Rússia (média)” – em referência ao índice que considera o preço do sanduíche mais vendido da rede McDonald’s. As entidades também apontam que, na década de 1980, a participação da indústria de transformação no PIB era de 35% e que, hoje, é de 2%.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) – que lidera a mobilização -, Carlos Pastoriza, fez questão de ressaltar que as reclamações não são contra um governo ou contra um partido. “Não é contra governo, é um movimento apartidário, um grito de alerta para o desmonte da indústria de transformação”, disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
‘Grito de alerta’
O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, acrescentou que a pauta apresentada hoje repete “o grito de alerta” organizado pelas mesmas entidades em 2011. Segundo ele, na ocasião, não houve nenhum avanço. “Temos praticamente a mesma pauta, que só atualizamos, pois a crise piorou ainda mais”, disse.
Segundo o sindicalista, alguns setores acabaram decidindo suas demandas de forma particular, o que fez com que o movimento perdesse sua força. Torres afirmou que hoje cobrará das entidades um comprometimento de união. “Vamos enfrentar isso juntos ou vai acabar a indústria desse país”, disse.
As entidades estão planejando o ato desde março, mas evitaram fazê-lo próximo do dia 15 do mês passado – quando houve uma série de grandes manifestações de rua em protesto e pedido de impeachment do governo de Dilma Rousseff (PT). A Central Única dos Trabalhadores (CUT), central mais próxima dos petistas, tem feito manifestações para contrapor aos protestos, mas sem deixar de criticar medidas de ajuste fiscal – planeja uma manifestação nessa linha para a terça-feira, 7.
Perto de uma centena de integrantes da Força Sindical e pouco mais de uma dezena de pessoas da Central Geral dos Trabalhadores Brasileiros (CGTB) estão no auditório onde será realizado o ato que terá início em breve. A CUT, que está prevista para participar do evento, não tem integrantes identificados por camisetas ou bandeiras na plateia, até o momento.
Segundo o presidente da Força, Miguel Torres, a CUT participou das discussões e em parte apoia o movimento de hoje. “Mas lá há problemas internos”, afirmou, ressaltando ser natural uma maior representatividade da Força Sindical hoje, já que é a entidade que mais representa trabalhadores na indústria. No convite ao evento, estavam listadas 39 entidades patronais e sindicais que participam da mobilização, entre elas Abimaq, Abit, Abiquim e Aço Brasil.