Foto: Fábio Alexandre
Maurílio Schmitt e Rodrigo Rocha Loures: empresários estão investindo em novos produtos.

Apesar da carga tributária elevada, da infra-estrutura precária e do câmbio desfavorável às exportações, o industrial paranaense mantém o otimismo. É o que revela a pesquisa Sondagem Industrial, coordenada pelo Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). Entre os 584 industriais que responderam a pesquisa, 74,07% afirmaram que têm expectativas favoráveis para o ano que vem – no ano passado, os que responderam favoráveis somavam 71,31%.

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Para o coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt, o otimismo, porém, está contido. O problema seriam questões macroeconômicas, como a alta carga tributária, a taxa de juros real e problemas na infra-estrutura. ?Não temos condições de operar numa velocidade maior, por conta dos pontos de estrangulamento?, disse, referindo-se à recente crise do setor aéreo, que acabou transbordando para outros setores, como as rodovias. Sobre a taxa de juros brasileira, Schmitt afirmou que, por enquanto, ?é difícil operar com igualdade de competição com outros países.? Afirmou ainda que o excesso de tributos tira a capacidade de investimento do setor privado. No Brasil, a carga tributária saltou de 31,7% do PIB em 99 para 37,3% em 2005.

Redução de custos

Para driblar o cenário econômico desfavorável, o industrial paranaense teve que buscar alternativas para reduzir os custos. ?As empresas estão avaliando métodos de gerenciamento diferenciados, com a utilização de novas tecnologias para reduzir custos operacionais internos?, apontou.

Além disso, o empresário paranaense está desenvolvendo novos produtos e buscando novos mercados. ?Em 2005, quatro grupos de produtos – complexo soja, material de transporte (veículos), carnes e madeira – representavam 70% das exportações paranaenses. Em 2006, a participação desses grupos caiu para 60%, mas o número absoluto de exportações cresceu, o que significa que novos produtos estão ingressando na pauta de exportações?, apontou Schmitt, referindo-se a produtos como sucos naturais, derivados de carne de aves e suínos. ?As novas atividades, como de flores, estão alterando o perfil econômico do Estado. A economia não depende mais exclusivamente de uma monocultura ou atividade industrial única?, destacou.

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O investimento de R$ 1,3 bilhão anunciado pela Petrobras na unidade de Araucária (Refinaria Getúlio Vargas) até 2010 deve ajudar a alavancar a economia do Estado em 2007, apontou Schmitt. ?No mercado de trabalho, o impacto estimado é de 17 mil novos postos. O efeito-renda desse investimento é grande?, afirmou. O investimento de US$ 300 milhões pela Renault também deve contribuir para o aumento do efeito-renda. ?O investimento nos últimos dois ou três anos foi bem reduzido. Qualquer acréscimo em 2007 será bem acentuado porque a base de comparação é baixa?, salientou.

Longo prazo

O presidente do Sistema Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, ressaltou que no Brasil ?não temos condições de sustentar projetos de longo prazo.? ?O grande desafio é reformar o estado brasileiro para que seja um sistema com capacidade, competitivo e cumpra o seu papel de desenvolver o País?, afirmou. Loures destacou ainda que é preciso haver inovação para que o Brasil seja competitivo na economia internacional.

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