Indústria usa criatividade contra a crise

Empresários do ramo de confecções do noroeste do estado – segundo maior pólo atacadista do país – estão recorrendo à criatividade para manter as vendas. A desvalorização do dólar frente ao real – que vem prejudicando as exportações e facilitando a entrada de produtos chineses, acirrando a concorrência -, aliada à crise no campo e ao baixo poder aquisitivo da população, criaram um cenário negativo para o setor em 2006.

?Para a indústria de confecções, 2006 foi um ano muito difícil. O câmbio atrapalhou muito. Eu mesmo perdi vários clientes no México, Equador, Costa Rica?, apontou o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Maringá (Sindvest), Antônio Fernandes Recco, dono de uma fábrica de lingeries. A crise na agropecuária e o baixo poder aquisitivo da população também atrapalharam as vendas, observou Recco. ?O poder aquisitivo vem caindo no Brasil, e a confecção no varejo é a primeira a sentir; as pessoas economizam na hora de comprar roupa.?

Recco, do sindvest: confecção sente perda do poder aquisitivo.

Para driblar tantos fatores negativos – incluindo a concorrência chinesa – Recco diz que a saída é buscar diferenciais. ?Estamos tendo que trabalhar dobrado e buscando diferenciais. O produto chinês, por exemplo, é de qualidade, mas não é muito elaborado. Já o nosso é mais trabalhado, elaborado, com estampas, bijouterias?, apontou. Os produtos também têm destinos distintos: enquanto as roupas chinesas preenchem as prateleiras de lojas de departamentos e supermercados, as peças produzidas na região seguem para lojas multimarcas do varejo. ?O setor feminino, por exemplo, busca esses diferenciais.?

Segundo Recco, sua indústria – que emprega cerca de 350 pessoas – conseguiu manter o faturamento este ano, na comparação com o ano passado. Mas foi uma exceção. ?Quase 90% dos empresários do ramo na região viram o faturamento cair em torno de 10%?, afirmou. ?Há indústrias com produtos diferenciados que aumentaram a produção. São itens que fazem a diferença nas vitrines brasileiras?, comentou.

Diante de tantas dificuldades, o setor realizou no início de setembro, em nível nacional, o ?Dia de Mobilização?, com passeatas e paralisação de empresas. As principais reclamações eram o excesso de tributos sobre o emprego e o dólar desvalorizado.

Para 2007, as expectativas não são nada positivas. ?Não há qualquer perspectiva de que o próximo ano seja melhor. Vamos ter que continuar trabalhando dobrado?, acredita Recco. 

Só na região de Maringá, há cerca de 580 indústrias no ramo do vestuário, que atuam no segmento de marcas próprias ou produzindo peças que são encaminhadas para distribuidoras de São Paulo. O setor emprega cerca de 12 mil pessoas de forma direta e produz quase 2 milhões de peças por mês.

Já a região como um todo – incluindo Cianorte – tem cerca de 1,7 mil indústrias, que produzem aproximadamente 60 milhões de peças por ano e movimentam negócios da ordem de R$ 1 bilhão.

Salão da Moda

Para mostrar aos clientes varejistas as tendências da moda 2007, o Sindvest promove entre amanhã e quarta-feira o Salão da Moda Paraná 2007. O evento mostrará o calendário oficial de ações do vestuário 2007, dois desfiles com as marcas locais, palestras e um concurso de novos talentos. ?Será o lançamento do evento, mas a idéia é consolidá-lo a partir do ano que vem, com rodadas de negócios e tudo. 

Vendas externas de vestuário ainda negativas

O setor de vestuário continua apresentado resultados ruins na balança comercial, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil de Confecção (Abit) . Em valores, o setor exportou no período de janeiro a setembro deste ano US$ 206 milhões – 20,1% menos que o exportado no mesmo período de 2005, quando foram vendidos ao mercado externo US$ 258 milhões.

Já a balança comercial do setor como um todo – incluindo o segmento têxtil – apresentou superávit no mês de setembro, depois de quatro meses consecutivos de déficit. Naquele mês, as exportações somaram US$ 174,6 milhões e as importações US$ 171,2 milhões. O saldo comercial ficou positivo em US$ 3,4 milhões. O desempenho positivo deveu-se à exportação de fibras de algodão. Descontado este item, o setor teria apresentado déficit de cerca de US$ 30 milhões.

Em comparação com setembro passado, as exportações registraram queda de 19,2%, o mesmo acontecendo no acumulado de janeiro a setembro, quando as vendas externas encolheram 3,64%. Já as importações cresceram 26,9% em setembro, comparado com igual mês de 2005.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo