O crescimento da indústria paranaense está acontecendo de forma sustentável. A afirmação é do economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), Cid Cordeiro. Segundo dados do IBGE, de janeiro a setembro a produção industrial do Paraná cresceu 9,19%. No ano passado, o crescimento no mesmo período havia sido de 5,65%. Esta é a primeira vez, desde 2000, que a produção industrial aumenta em dois anos consecutivos.
Para o economista, o bom desempenho se deve especialmente à reação do mercado interno, inflação menor, recuperação da renda, taxa de juros que, apesar de patamares elevados, está menor do que em 2003. Também o aumento do volume de crédito, o bom desempenho da agroindústria e das exportações contribuíram para o resultado. "No período de 2000 a 2003, havia uma grande incerteza da economia, volatilidade do câmbio, queda da renda", apontou Cid Cordeiro. O racionamento da energia elétrica e a crise cambial, poucos meses antes da eleição presidencial em 2002, também afetaram o desempenho da indústria.
Com tantos obstáculos, o que se viu no período foi crescimento seguido sempre por queda: em 2000, segundo dados do IBGE, a produção industrial do Paraná apresentou queda de 2,22% em relação ano anterior. Em 2001, aumento de 5,14%; nova queda (-3,64%) em 2002 e aumento de 5,65% em 2003. "Em 2005, esperamos de novo um possível crescimento", afirmou Cid.
Além de registrar o melhor desempenho desde 2000, a produção industrial é ainda, no período de janeiro a setembro, a terceira maior desde o início da série histórica do IBGE, iniciada em 1991. Só perde para o desempenho de 1993 (10,94%) e 1994 (10,52%).
Para Cid Cordeiro, se a Petrobras não tivesse realizado a parada técnica entre maio e julho, provavelmente a produção seria a maior de todos os tempos. "Seria o melhor ano da série histórica", apontou. A Petrobras responde sozinha por 25% de toda a produção industrial paranaense.
Outros setores
Dados do IBGE mostram que outros setores, além da agroindústria, vêm apresentando desempenho bastante positivo no Paraná. É o caso da indústria de outros equipamentos de transporte (montadoras), que teve de janeiro a setembro o maior crescimento na produção: 45,87%. O setor de edição, impressão e reprodução de gravações aparece em seguida (aumento de 26,47%) e máquinas e equipamentos (24,91%) logo depois.
Na outra ponta, apresentaram queda o setor de refino de petróleo e álcool (-16,77%), outros produtos químicos (-13,14%) e minerais não metálicos (-6,21%). Dos 14 setores da indústria de transformação paranaense, apenas quatro apresentaram desempenho negativo de janeiro a setembro.
Emprego
Em setembro, o saldo de empregos na indústria de transformação foi de 6.159, sendo que a maior parte das vagas (quase 59%) foi para o interior. Os setores que mais empregaram foram indústria de produtos alimentares, bebidas e álcool etílico (2.211 postos de trabalho), indústria têxtil do vestuário (1.096), madeira e mobiliário (922) e metalúrgica (369).
No acumulado do ano (janeiro a setembro), o saldo de empregos foi de 56.126. Entre os setores que mais empregaram, destaque para a indústria de produtos alimentares e bebidas (22.738 postos de trabalho), indústria da madeira e mobiliário (7.728) e têxtil (7.482).
Noroeste ofereceu mais empregos
Conforme dados divulgados ontem pelo Dieese-PR, a região Noroeste foi a que apresentou maior aumento no nível de emprego no período de janeiro a setembro, de 17,94%, com a geração de 4.506 vagas. A média do Estado ficou em 8,72%, com a geração de 138.209 vagas. A maior parte dos postos de trabalho (73,57%) foi criada no interior.
No desempenho regional, os 29 principais municípios do Paraná apresentaram aumento de 6,70% no nível de emprego – desempenho bem inferior ao dos demais municípios (14,01%).
No Noroeste, representado por municípios como Paranavaí, Cianorte e Umuarama, a geração de empregos foi puxada pela indústria de transformação (46,34% das vagas) – com destaque para a indústria alimentícia e têxtil -, e atividade agropecuária (32,31% das vagas). No Norte Pioneiro (Cornélio Procópio, Jacarezinho), que teve a segunda maior variação (13,99%), o desempenho foi puxado pela agropecuária (48,35% das 8.562 vagas geradas), seguido pela indústria de transformação (22,21%).
Entre as dez regiões pesquisadas, a Metropolitana de Curitiba foi a que apresentou pior desempenho no período – crescimento de 5,68%, abaixo da média do Estado (8,72%). Apesar disso, foi a que gerou o maior volume de empregos: 38.699. (LS)