A produção industrial brasileira cresceu 2,1% de fevereiro para março deste ano, segundo dados do IBGE. Esse é o melhor resultado desde novembro e representa uma reversão do que foi verificado entre dezembro e fevereiro, quando houve queda na produção. Na comparação com março do ano passado, a indústria teve um crescimento de 11,9%, maior alta desde janeiro de 2001. Com o resultado, o primeiro trimestre fechou com uma expansão de 5,8% na comparação com o mesmo período de 2003, mas apresentou uma queda (-1,2%) em relação aos últimos três meses do ano passado.

Segundo o IBGE, o crescimento no primeiro trimestre foi generalizado: ocorreu em 20 das 23 atividades pesquisadas. A fabricação de veículos foi o que puxou a produção do setor, com uma expansão de 20%. A indústria de material eletrônico e de comunicações registrou alta de 36,9% no período, puxada pelo aumento na produção de telefones celulares.

As quedas mais significativas no trimestre foram as dos segmentos farmacêutico (-7,8%), de edição e impressão (-2,7%) e de fumo (-9,7%). Ainda analisando o desempenho no primeiro trimestre, a indústria mostrou expansões em todas as categorias de uso. Os bens de capital (máquinas e equipamentos) tiveram a maior alta, de 20,9%, seguidos pelos bens de consumo duráveis (eletrodomésticos e automóveis), que, devido à melhora nas condições de crédito, tiveram alta de 20,5% em sua produção.

Os meios intermediários apresentaram alta de 4,5%, impulsionados por combustíveis e lubrificantes (10,8%). Por outro lado, os bens de consumo semiduráveis e não-duráveis (alimentos, vestuário e calçados) tiveram um resultado menor, porém positivo (1,1%). Os não-duráveis ainda se ressentem da renda deprimida da população e do elevado índice de desemprego.

A categoria de não-duráveis foi a única entre as demais que apresentou resultado negativo na passagem de fevereiro para março, com queda de 0,5%. Nessa comparação, bens de capital, bens intermediários e duráveis apresentaram alta de 1,9%, 1,6% e 0,6% respectivamente.

Avaliação

A produção industrial brasileira registrada em março, na avaliação do gerente da coordenação de Indústria do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Silvio Sales, mostra uma estabilização da atividade do setor, especialmente quando se observa o indicador de média móvel trimestral (trimestre encerrado em março ante trimestre encerrado em abril). Nessa comparação, a indústria cresceu apenas 0,1%.

“Há uma estabilização de produção após uma fase de declínio”, disse Sales.

Para o técnico, os dados de março comparados ao primeiro trimestre do ano passado e a março de 2003 foram de altas significativas muito em razão da base deprimida. No início do ano passado, a indústria passava por um período de declínio.

“Quando se olham os números de 2004 em relação a um período mais recente, o quadro é de estabilização do nível de produção porque se tinha uma trajetória declinante até a consolidação dos números de fevereiro. Essa trajetória foi estabilizada a partir da incorporação do mês de março”, disse.

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