O cenário incerto da economia, marcado por baixo crescimento do mercado doméstico e das exportações, provocou uma piora nas intenções de investimento da indústria. Pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), obtida com exclusividade pelo ‘Estado’, mostra que um terço (33,5%) das empresas não pretende investir em 2014, o maior resultado em três anos. No ano passado, 19,9% estavam nessa condição.

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Entre as que vão investir, o desembolso será 4,7% menor neste ano e deve somar R$ 175,1 bilhões, o terceiro ano seguido de queda. Em 2013, os investimentos industriais somaram R$ 183,7 bilhões. A pesquisa consultou cerca de 1.200 empresas, de todos os portes, entre fevereiro e abril, e retrata a expectativa dos empresários da indústria nacional.

A decisão de frear investimentos nas fábricas é confirmada pelo resultado do Índice de Confiança de Investimentos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que caiu 6,7% em abril e teve o maior recuo desde janeiro de 2009, no auge da crise global.

“A expectativa de que a economia vai acelerar não é grande e há risco de racionamento de energia”, observa o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV, Aloisio Campelo, responsável pelo indicador, que reúne as expectativas dos executivos dos setores ligados a investimentos – máquinas, construção civil, incluindo insumos e serviços de engenharia.

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“Este ano, a perspectiva de crescimento é baixa, 2015 provavelmente será de ajuste e o mercado internacional está se recuperando numa velocidade muito menor do que se imaginava”, afirma José Ricardo Roriz Coelho, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia, responsável pela pesquisa. Esses fatores explicam o recuo do investimento.

Coelho destaca que a maior retração, de 7,2%, aparece nos investimentos em máquinas e equipamentos, que somam R$ 110,7 bilhões. Mas há recuos, porém menores, nos investimentos em gestão (-1,4%) e em pesquisa e desenvolvimento (-1,9%). O único setor no qual há intenção de aumento de investimento é o de inovação (2,2%).

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Investimento defensivo. “Os empresários estão fazendo investimento defensivo”, afirma Roriz. Isto é, eles não expandem a capacidade de produção, mas investem para fabricar com custo menor para manter sua participação de mercado.

Alfredo Ferrari, diretor de vendas da Ergomat, fabricante de tornos e centros de usinagem – máquinas usadas por outras indústrias -, é um exemplo de empresário que optou pelo “investimento defensivo”. Nos últimos dez anos, a empresa investiu todos os anos na ampliação da produção. Mas, neste ano, não vai investir em aumento da capacidade e concentrou os recursos em inovação. Os desembolsos estão direcionados para desenvolvimento de uma máquina nova, de alta tecnologia, que chega ao mercado no começo de 2015. “Demos um trégua nos investimentos em capacidade por causa da situação de mercado”, diz Ferrari. No primeiro trimestre, a receita da empresa caiu 10% em relação igual período de 2013.

Já a Asvac, fabricante de bombas para plataformas de petróleo, decidiu não investir em 2014. “Foi a primeira vez que isso aconteceu em 31 anos”, conta o sócio, Cesar Prata. No final de 2013, a empresa encolheu 20%, porque a Petrobrás ampliou as compras de fornecedores estrangeiros. E a decisão de não investir veio na sequência.

No caso da Whirlpool, que fabrica eletrodomésticos das marcas Consul e Brastemp, os investimentos somarão R$ 500 milhões este ano, com alta de 15% em relação ao ano passado.

Enrico Zito, presidente da unidade para América Latina, diz que os recursos serão aplicados em desenvolvimento de tecnologias e o reflexo deve aparecer nos resultados da companhia em dois ou três anos. “Quando planejamos os investimentos, assumimos que 2014 e 2015 seriam difíceis.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.