O emprego industrial no Paraná continua crescendo, mas em ritmo bem inferior ao verificado nos últimos anos. Conforme dados divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), em setembro o nível de emprego na indústria paranaense aumentou 0,43%, com a geração de 2.188 vagas – a maior parte delas (56,5%) no interior do Estado. Na variação mensal, foi o pior setembro desde 2002. Já no saldo de empregos, é o pior desde 2001. No caso da produção industrial, a situação é ainda pior: em setembro, houve queda de 11,57% na comparação com igual mês do ano passado.
Entre os setores que mais empregaram no mês, destaque para a indústria de alimentos e bebidas (840 empregos), indústria têxtil (689) e indústria química (404). Já as maiores quedas foram registradas na indústria mecânica (-279), metalúrgica (-191) e madeira e mobiliário (-56). Na comparação com setembro do ano passado, houve queda de quase 65% no saldo de empregos, passando de 6.159 em 2004 para 2.188 este ano.
No acumulado do ano (janeiro a setembro), o emprego industrial apresenta crescimento de 6,13%, com a geração de 29.288 empregos. Os setores que mais empregaram foram o de alimentos e bebidas (18.223), têxtil (4.242), química e produtos farmacêuticos (2.061) e material elétrico e de comunicação (1.820).
Entre os 27 estados, o Paraná está na 13.ª posição na variação do nível de emprego no acumulado do ano, acima da média nacional de 5,07%. Desde janeiro, a performance da geração de empregos pela indústria tem sido pior em 2005. Com exceção de abril, quando o nível de emprego cresceu 10,5% em relação a igual mês do ano passado, em todos os demais houve queda. A mais expressiva foi em junho: enquanto no ano passado o saldo de empregos foi de 4.307, este ano caiu para 37 – ou seja, redução de 99,14%.
Agroindústria
Com o saldo de 15.010 empregos, a agroindústria respondeu por 51,2% do total de postos de trabalho criados entre janeiro e setembro no Paraná. Os setores que mais empregaram no ano foram fabricação e refino de açúcar (6.730) e abate e preparação de produtos de carne e pescado (5.397). Por outro lado, houve mais demissões do que admissões na fabricação de produtos de madeira, cortiça (-1.666) e no desdobramento de madeira (-664).
Produção industrial
Se a situação não é das melhores para o emprego industrial, para a produção o cenário consegue ser ainda pior. Em setembro, as indústrias do Paraná registraram queda de 3,66% na comparação com agosto. Em relação a setembro do ano passado, a redução é ainda maior: de 11,57%. No acumulado do ano, a produção industrial apresenta crescimento de 2,77%.
De acordo com o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, desde julho a produção industrial paranaense só vem caindo: queda de 0,95% em julho, de 3,87% em agosto e, em setembro, de 11,57%. ?Quando comparamos com setembro do ano anterior, essa foi a maior queda desde 2001?, apontou Silva.
Para o economista, a desaceleração pode ter sido o reflexo da desconfiança dos industriais em relação à economia.
Segundo Silva, a expectativa inicial era que a produção industrial do Paraná crescesse entre 5% e 7% este ano. Agora, na visão mais pessimista, pode ser que feche entre 2% e 3% e, na mais otimista, entre 4% e 5%. Para ele, a desaceleração tanto da produção como da geração de empregos está atrelada a três fatores principais: a política econômica do governo federal, com a taxa de juros elevada; a taxa de câmbio, que reduziu a competitividade de alguns setores no mercado internacional – o caso mais explícito é o da madeira e mobiliário – e, finalmente, a crise na agricultura, por conta da quebra da safra devido à estiagem e à redução das principais commodities agrícolas.