A produção industrial nacional subiu 6,1% no primeiro quadrimestre, informou o IBGE. No acumulado de 12 meses até abril, a alta foi de 2% – acima do 1,1% registrado no ano encerrado em março. Já descontados os efeitos sazonais, a produção subiu 0,1% de março para abril deste ano. Na comparação com abril do ano passado, houve expansão de 6,7% em abril de 2004.
“Os índices da atividade industrial em abril confirmam a manutenção do patamar atingido em março e a sustentação de resultados positivos frente aos meses iniciais de 2003. Com isso, prossegue a tendência positiva, apoiada nos desempenhos de bens de capital, bens de consumo duráveis e de bens intermediários”, informou o IBGE.
Na comparação de abril deste ano com o mesmo mês de 2003, a indústria de veículos automotores teve o maior impacto na formação da taxa global. Os bens de consumo duráveis beneficiaram-se em abril de um forte ritmo de crescimento entre os fabricantes de telefones celulares e televisores. Além disso, sofreram influência positiva da alta de 23,6% na produção de veículos automotores e do avanço de 27,7% no segmento de eletrodomésticos “linha branca”.
O avanço no quadrimestre atingiu 21 ramos de atividade e as quatro categorias: bens de capital (21,4%), bens de consumo duráveis (21,1%), bens intermediários (4,7%) e bens de consumo duráveis e não duráveis (1,5%).
O IBGE ressaltou que “os sinais de crescimento na área de bens de consumo semiduráveis e não-duráveis são mais discretos, com um aumento de 0,2% na passagem de março para abril deste ano, após três meses de queda”.
Os ramos de atividade com melhor desempenho no quadrimestre foram o de veículos automotores, com alta de 22%, e o de material eletrônico e de comunicações, com avanço de 36,7%. Na verdade, os produtos de grande destaque foram automóveis e celulares.
O IBGE detectou comportamento negativo em indústrias tipicamente voltadas para o consumo interno e sensíveis à evolução da renda: farmacêutica (-7,6%); calçados e artigos de couro (-6,2%); vestuário (-3,2%); e edição e impressão (-1,2%).
Dos 76 subsetores pesquisados, a produção cresceu em 57 no período de janeiro a abril, com destaque para segmentos ligados à exportação e à demanda da agricultura. A extração de minerais metálicos não-ferrosos subiu 41%, a de sucos e concentrados, 41,2% e a de celulose e pastas para fabricação de papel, 8,5%. Em alguns subsetores de bens de consumo duráveis, também houve crescimento expressivo: eletrodomésticos “linha marrom”(38,6%) e “linha branca”(17,3%) e automóveis (22,7%).
De março para abril deste ano, lideraram o crescimento da produção os setores de bens de consumo duráveis (2,9%) e de bens de capital (1,5%). A produção de material eletrônico e de comunicações subiu 5,5% e a de bebidas, 5,1%. Em geral, a produção de alimentos caiu 2% e o refino de petróleo e a produção de álcool recuaram 1,4%.
Salários em queda limitam a expansão
O mercado interno brasileiro ainda se ressente da massa salarial em queda. A Pesquisa Industrial Mensal do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de abril mostra um desempenho fraco da produção de bens de consumo semi e não-duráveis (alimentos, bebidas, roupas e calçados).
A maior parte dos semi e não-duráveis é voltada para o consumo interno e é bastante sensível às condições de emprego e renda da população. Nos primeiros quatro meses deste ano, este grupo registrou a menor expansão entre os demais pesquisados quando se compara com o mesmo período do ano passado.
Enquanto os bens de capital (máquinas e equipamentos) tiveram alta de 21,4% no primeiro quadrimestre, os semi e não-duráveis cresceram apenas 1,5%.
Os bens intermediários tiveram alta de 4,7%. Os bens duráveis (eletrodomésticos, automóveis, celulares), estimulado pelas condições mais favoráveis de crédito ao consumidor, registraram crescimento de 21,1%.
“Há um sinal discreto de reação dos não-duráveis. É preciso aguardar mais um pouco”, disse o coordenador da área de Indústria do IBGE, Silvio Sales.
De março para abril, os semi e não-duráveis registraram leve alta de 0,2% – também a mais baixa em relação às demais.
“No mercado interno, há um comportamento claro de crescimento dos duráveis, como automóveis, eletrodomésticos e celulares. Isso guarda relação com a gradual redução dos juros e a melhoria no mercado de trabalho, com o aumento da ocupação e dos salários industriais”, afirmou Sales.
Na sua avaliação, entretanto, o efeito do aumento do número de pessoas trabalhando em abril não causou forte reação no consumo de semi e não-duráveis porque a massa salarial ainda está em baixa. Uma das razões é que as vagas criadas em abril foram associadas a salários baixos, de até um salário mínimo.
A massa salarial é o total de salários pagos aos trabalhadores. O desemprego atingiu taxa recorde (13,1%), enquanto a renda média do trabalhador voltou a cair em abril.