Brasília

  – O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Rodrigo Alvim, denunciou ontem a ameaça que os produtores de leite estão recebendo da indústria para reduzir os preços do produto, em plena entressafra do setor. “Algumas indústrias lácteas simplesmente comunicaram ao produtor que vão reduzir o preço porque tiveram de absorver o aumento das cotações do produto importado”, observou.

Alvim disse que não há razão para a pressão feita pelas indústrias – a maior parte delas grandes multinacionais – porque a safra começa apenas no mês que vem nas grandes bacias leiteiras do Centro-Sul e não existem excedentes no mercado interno.

O problema, segundo ele, é que a indústria quer descontar nos agricultores o custo que vem tendo com o leite importado. “Com o preço que eles pagam pelo leite importado, poderiam pagar R$ 0,50 pelo litro do leite ao produtor, em vez dos atuais R$ 0,38”, afirmou.

A indústria está importando leite em pó da Argentina por US$ 1.340 a tonelada e vendendo o produto no mercado interno ou usando para fabricar derivados, como creme de leite, destinado à exportação, informou Alvim.

As importações de leite em pó foram de 10,13 mil toneladas em agosto passado, quantia que representou 281% a mais que o mesmo mês no ano passado, segundo dados coletados pela CNA na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No total, entre leite em pó e produtos lácteos foram importadas 20,91 mil toneladas em agosto.

No acumulado de janeiro a agosto, as importações de lácteos somaram US$ 174,34 milhões, com a aquisição de 153,08 mil toneladas. No mesmo período do ano passado, esses valores foram de US$ 141,72 milhões e 112,92 mil toneladas, respectivamente.

Para enfrentar a pressão da indústrias de laticínios, o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA defendeu a inclusão do produto na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) do governo.

Com essa medida, a indústria poderia receber financiamentos do crédito rural para EGFs (empréstimo onde o próprio produto entra como garantia), com juros de 8,75% ao ano, e comprar o produto para estocagem. Com a concessão do crédito, a indústria poderia aguardar o melhor momento no mercado internacional para fazer a exportação.

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