A crise no Paraná já alcançou uma intensidade moderada. A conclusão parte de um grupo de empresários e representantes da indústria que se reuniram ontem para um almoço na sede da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).

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Além de traçar um perfil da atual situação econômica do Estado, os empresários relataram uma série de propostas para conter os efeitos da crise que já afetam o consumo e emprego no País.

A ideia seria evitar a perda de otimismo no setor produtivo para evitar demissões e a redução da demanda. Dentre as principais medidas sugeridas está a redução da taxa básica de juros do Banco Central (BC).

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo Rocha Loures, a taxa de juros deveria ser reduzida em 4 pontos percentuais até o final do primeiro semestre.

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Para Rocha Loures, a redução dos juros poderia firmar uma expectativa positiva no empresariado. “Se a Selic caísse 1,5% ou 2% e que sinalizasse que vai cair mais, isso seria uma sinalização forte”, afirma. Loures comenta que “o mundo todo baixou os juros e o Brasil, mesmo com o risco de inflação baixo, criou uma expectativa recessiva”.

O presidente da Fiep confirmou que as empresas são unânimes em afirmar que é preciso dar uma ênfase diferente para a atual política monetária do governo federal. As ações teriam o intuito de frear uma possível redução de demanda e de consumo, por conta do desemprego.

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“É um círculo vicioso que pode terminar numa recessão. O desemprego diminui a demanda e a demanda contribui para o desemprego”, disse Loures, que ressaltou que é preciso combater a recessão com senso de urgência. Para ele, a redução na taxa de juros pode criar uma expectativa positiva, para romper com esse círculo vicioso.

Para Loures, o modelo do plano econômico do governo precisa ser revisto. “Essa receita de economia, que é a mesma desde o plano real, ficou anacrônica e já deveria ter sido revista há quatro anos”, afirma.

De acordo com Rocha Loures, durante a reunião de ontem, o setor ligado à agricultura relatou que a estiagem fez com que os custos operacionais do produtor tivessem uma elevação de cerca de 35%.

Já na indústria, onde os empresários relatam ajustes do quadro de funcionários, um dos principais entraves para a superação da crise seria a falta de crédito no mercado, o que, segundo Loures, também provoca uma desaceleração da economia.

Outro tópico abordado pelos empresários seria a questão do câmbio. A instabilidade do dólar estaria abrindo brechas para uma concorrência desleal por conta de importados que chegam a preços muito competitivos no País.

Manifestações pedem a queda na taxa de juro

A queda no nível de atividade da economia e as demissões recorde mobilizarão sindicatos e trabalhadores em protestos contra os juros altos em pelo menos cinco capitais hoje, dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decide sobre o nível dos juros básicos da economia. Em Curitiba, a Força Sindical espera pelo menos 300 pessoas em passeata que sairá pelo centro da cidade e vai até a sede do Banco Central.

Participarão do evento a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical do Paraná e a União Geral dos Trabalhadores (UGT).

Além disso, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba vai organizar, também hoje, uma paralisação de 2 horas nas grandes empresas metalúrgicas da cidade: Bosch, New Holland, WHB, Renault/Nissan, Volvo e Volkswagen/Audi. “Essas paralisações são um protesto &a,grave; ameaça de demissões”, disse.

Os atos serão promovidos pelas centrais sindicais ao longo do dia. Em São Paulo, o ponto final da manifestação será a sede do Banco Central, na Avenida Paulista, às 10h. Em Brasília, os manifestantes se reúnem também a partir das 10h, em frente à sede do BC. No Rio, a mobilização acontece, a partir das 16h, na Central do Brasil, e, em Belo Horizonte, às 11h, na Praça Sete.