Indústria paranaense retoma o crescimento

A indústria paranaense confirmou em setembro a recuperação do nível de atividade do setor, já sinalizada em agosto. É o que mostram os indicadores conjunturais divulgados ontem pela Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Paraná (Fetiep) e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Em relação a setembro de 2001, houve expansão no nível de emprego, produção, vendas e exportação. Apesar da base de comparação deprimida, por causa dos atentados terroristas nos EUA, é o primeiro mês de crescimento na produção industrial do Estado nos meses de setembro, desde 98: 9,57%.

Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego, apontam que o nível de emprego formal na indústria do Paraná cresceu 0,79% sobre agosto, 7,05% em relação a setembro do ano passado e 6,40% no acumulado do ano -representando a abertura de 30.526 vagas, das quais 87% no interior do Estado. Os setores que mais abriram vagas em 2002 foram: alimentos e bebidas (12.874), têxtil e vestuário (6.086) e química (2.122).

Segundo pesquisa do IBGE, a folha de pagamento média do segmento recuou 0,53% em relação a agosto e acumula queda de 0,52% no ano. Mas frente a setembro de 2001, avançou 0,52%. O número médio de horas pagas ficou 0,78% menor que em agosto, porém aumentou 0,80% comparado a setembro de 2001 e 0,47% no ano.

De acordo com o IBGE, a produção industrial do Estado caiu 2,70% em relação a agosto, mas teve incremento de 9,57% frente a setembro de 2001 e de 0,19% de janeiro a setembro de 2002. Nas vendas reais, houve ampliação de 7,64% em relação a agosto e 3,37% comparado a setembro do último ano. O acumulado do ano está negativo em -0,74%. As compras do setor decresceram 12,01% sobre agosto, porém foram 32,26% maiores que em setembro do ano passado e no ano registram acréscimo de 6,17%, conforme pesquisa da Fiep. Já o consumo de energia da indústria apresentou retração de 0,01% sobre agosto, mas incremento de 2,90% em relação a setembro do ano passado e 3,33% em 2002.

“O bom desempenho da indústria paranaense foi puxado pelas exportações, já que o real desvalorizado tornou nossos produtos mais competitivos no mercado externo”, destaca Luiz Ary Gin, presidente da Fetiep. As exportações industriais do Estado registraram o maior crescimento mensal do ano em setembro: 63,87%. Em relação a setembro do ano passado, o crescimento é de 87,59%. No acumulado do ano, a variação é positiva em 3,74%. Outro fator que influenciou a performance positiva da indústria, por causa do dólar alto, foi a substituição das importações, assinala o economista Cid Cordeiro, supervisor técnico do Dieese. “A expectativa é que o consumo interno se some aos dois fatores externos, gerando um bom natal, apesar da elevação dos juros”, projeta.

O único indicador negativo, no comparativo com setembro de 2001, foi a arrecadação de ICMS: -25,31%. Segundo Gin, isso ocorre porque muitas empresas recorrem a créditos fiscais e precatórios para abater dívidas. Além disso, aponta Cordeiro, “foram concedidas isenções fiscais e reduções de alíquotas para vários segmentos nos últimos dois anos”.

Participação ficou estável

Olavo Pesch

De 90 a 2001, o nível de emprego da indústria paranaense aumentou em 38%, passando de 268 mil para 371 mil trabalhadores. Porém a participação da indústria no total de empregos com carteira no Estado praticamente não se alterou, já que outros segmentos tiveram crescimento superior, como é o caso da agropecuária (com incremento acima de 200%), comércio (ao redor de 45%) e administração pública (cerca de 40%). Em 90, a indústria representava 22% do total de empregos formais do Paraná. Caiu para 20,71% em 95, voltando a crescer nos anos seguintes e subindo para 21,64% no ano passado.

Para o economista Cid Cordeiro, do Dieese, essa evolução é resultado da racionalização da produção, com adoção de modelos de gestão; do aumento de produtividade; da abertura da economia sem critérios a partir de 94; e da sobrevalorização do real no período de 94 a 98. Entre os setores que mais ampliaram vagas como fruto de novos investimentos, destaque para as montadoras, que puxaram para cima os empregos na metalurgia. De acordo com Cordeiro, o crescimento de postos de trabalho na indústria de alimentação, química e vestuário representa a expansão de segmentos tradicionais da economia paranaense. Em 2001, a média salarial do trabalhador industrial no Estado era R$ 611.

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