Indústria paranaense fecha o ano com crescimento

Apesar das turbulências na economia brasileira, a indústria paranaense vai fechar o ano com saldo positivo. O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) estima crescimento de 0,5% a 4% na produção industrial. De janeiro a outubro, o aumento foi de 0,85% sobre o mesmo período de 2001.

“O resultado de 2002 pode surpreender positivamente até porque o comércio demorou para fazer as encomendas de Natal, por causa das incertezas na economia”, destacou o economista Cid Cordeiro, supervisor técnico do Dieese. “Se novembro e dezembro repetirem o comportamento dos anos anteriores, a produção aumentará 0,5%. Mas se o desempenho de novembro e dezembro for bom, pode chegar a 4%”.

Também são esperados números positivos no nível de emprego. De janeiro a outubro, foram criados 30.785 empregos industriais no Estado, sendo 84% (25.937) no interior do Estado. Isso representa acréscimo de 6,08% sobre o ano passado. “Os setores que estão gerando mais vagas estão concentrados no interior”, comentou Cordeiro. De janeiro a outubro, os setores que mais abriram vagas foram: alimentos e bebidas (9.668), têxtil e vestuário (7.298), madeira e mobiliário (4.531) e química (2.432). O Dieese projeta a geração de 25 mil a 28 mil empregos em 2002, já que sazonalmente ocorrem quedas em novembro e dezembro.

Já as vendas industriais cresceram 0,39% até outubro, com perspectiva de fechar o ano com ganho próximo de 1%, segundo a Fiep. No mesmo período, as compras reais da indústria cresceram 8,58%. “Ou a indústria reduziu as margens de lucro ou vai repassar o aumento dos insumos nos próximos meses”, disse Cordeiro. O consumo de energia na indústria estadual teve ampliação de 3,68% nos dez primeiros meses de 2002. Enquanto isso, o ICMS recolhido pelo segmento industrial teve queda real de 6%.

Na balança comercial dos produtos industrializados paranaenses, houve melhora. “Mais pela queda acentuada nas importações, devido à baixa atividade dos setores que mais importam, como as montadoras, que pelo crescimento das exportações”, ressaltou Cordeiro. Até outubro, as importações do setor caíram 36% e as exportações aumentaram cerca de 4%.

Nos salários, os indicadores são negativos. Os trabalhadores industriais amargaram perdas de 0,36% nesse ano, mas ao mesmo tempo o número de horas pagas subiu 0,53%. “A tendência de aumento de horas extras sinaliza novos empregos”, assinalou o economista.

Cenário difícil

Para o início de 2003, as expectativas são de desaceleração econômica. “O que nos aguarda no primeiro trimestre é um cenário difícil, já que o aumento da taxa de juros ainda não afetou a economia”, considerou Cordeiro. “O desafio do governo será sinalizar para os agentes econômicos que está vigilante com os preços. Se o governo não for rígido, corre o risco de voltar a indexação e de a inflação se manter em patamares altos”.

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