Primeira agenda de 2011 do setor moveleiro, a 8ª Feira de Móveis do Paraná (Movelpar), começou nesta segunda-feira (14), no Expoara, em Arapongas, norte do Estado, com 192 expositores, que pretendem superar R$ 450 milhões em negócios fechados e prospectados com o evento. O volume estimado pelos organizadores da Movelpar vem ao encontro dos números apresentados pela Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), que prevê um crescimento de 10% no faturamento do setor para 2011 – volume pouco inferior à expansão de 13,3% (R$ 29,7 bilhões) registrada 2010, de acordo com dados recém-fechados pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi).
Na avaliação do presidente da Abimóvel, José Luiz Dias Fernandez, a indústria moveleira deve se beneficiar dos reflexos de programas como o Minha Casa, Minha Vida, de financiamento habitacional, e do bom nível de emprego na economia para ampliar as vendas no mercado interno. “O ano passado serviu de recuperação da crise econômica, mas é neste ano que o setor poderá mostrar crescimento de fato, visto que nosso faturamento, em 2010, apenas voltou aos patamares de antes da crise”, avaliou. “O ano de 2009 ficou mais crítico do que 2008 para o setor moveleiro, porque com a isenção do IPI para a linha branca de eletrodomésticos, as pessoas acabaram adiando suas decisões de compras de móveis”, recorda.
Outra razão de otimismo para o setor, vem da uniformização do IPI desde abril de 2010, em 5%. “Antes tinha produtos que pagavam até 10% do imposto, fazendo com que alguns nichos fossem inviabilizados. Agora não há mais esse gargalo e isso garante mais diversificação na indústria moveleira”.
Linha de crédito mobiliário
A exemplo da uniformização do IPI, obtida graças à articulação da Frente Parlamentar Moveleira encabeçada pela Abimóvel, agora o setor visa pleitear uma linha de crédito para compras de móveis avulsos. “O Construcard não atende essa demanda”, justifica Fernandez. Na sexta-feira, O Ministério do Desenvolvimento e da Indústria de Comércio (MDIC) estará reunido com a Abimóvel e a Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (Abipa) para buscar meios de financiamento para uma linha de crédito nesses moldes. “A presidente Dilma, na campanha, apoiou mecanismos para ampliar o acesso aos móveis e eletros. Nada mais natural que com a expansão do acesso à moradia as pessoas queiram equipar seus lares”, defende Fernandez.
Móveis chineses
A concorrência com os produtos chineses tem impactado sobremaneira o setor, a ponto do País da Grande Muralha ter aumentado em 125% as vendas para o Brasil de 2009 para 2010. “O setor de móveis para escritório é quem mais está sofrendo com a entrada dos chineses em nosso mercado. Nos demais ramos, inovação e design são as palavras de ordem para garantir mercado”, aposta Fernandez. No total, as importações brasileiras de móveis e colchões fecharam 2010 com 27% de incremento. Entretanto, as exportações do setor moveleiro do Brasil cresceram 4,5%. “A França foi o segundo maior comprador, o que indica essa qualificação da nossa indústria e busca por diferenciais competitivos”, aponta o presidente da Abimóvel.
Ele relata que há dois meses o setor moveleiro vem sendo pressionado com os aumentos dos insumos para a fabricação de móveis. Painéis de madeira puxam a alta, com 8% a 10% de reajuste, seguido por espumas para o estofamento, com aumento de 8%, e colas e tintas com 7%. “Tudo subiu ou está subindo ao mesmo tempo e os fabricantes vão ter que repassar algo entre 5% e 7% de reajuste no produto final”, alerta Fernandez.
*A repórter viajou a convite da organização da Movelpar.
