A 156.ª Sondagem da Indústria de Transformação da FGV (Fundação Getúlio Vargas), divulgada ontem, revela que a indústria brasileira mantém em julho o ritmo lento de produção do primeiro semestre. O cenário que se desenha na pesquisa é de crescimento baixo, estoques excessivos e demanda enfraquecida.
As avaliações do empresariado em relação ao momento presente se deterioraram desde a última edição da sondagem, em abril, e são as piores desde julho de 2003. As expectativas quanto ao futuro também se tornaram menos otimistas.
Em julho, o nível de demanda foi considerado forte por 14% e fraco por 27% das empresas industriais. A parcela de empresas que se dizem com acúmulo de estoques saltou de 10% em abril para 14% em julho, o maior percentual em dois anos.
A demanda foi apontada por 25% dos entrevistados como fator limitativo à produção. O nível de utilização da capacidade instalada da indústria chegou a 84,7%, praticamente estável. O percentual de empresários que avaliam a situação atual dos negócios como fraca chegou a 29%, a maior desde julho de 2003.
O desaquecimento e a variação cambial já interferem nos preços. O percentual dos que prevêem aumentá-los passou de 43% em abril para 27% em julho. Na mesma base de comparação, a parcela dos que pretendem reduzir preços passou de 6% para 19%.
Entre os entrevistados, 44% apostam na melhora da situação dos negócios nos próximos seis meses e 17% vislumbram piora. A diferença entre otimistas e pessimistas representa o pior resultado em dois anos.
Ipea prevê alta
Um trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado preliminarmente ontem, prevê que a produção industrial brasileira deve crescer 1,8% em junho em relação a maio de 2005 e 6,6% em comparação com o mesmo período do ano passado. Já o crescimento acumulado no setor no primeiro semestre ficará próximo a 5%, ante os 3% apontados no acumulado até maio.
Segundo o diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea, Paulo Mansur Levy, a previsão, feita a partir dos primeiros indicadores dos 13 principais setores da indústria, aponta a retomada do crescimento na produção fabril, iniciada no mês de maio, quando houve um aumento de 1,5% ante abril.