Ainda falta pouco menos um mês para o domingo de Páscoa, que cai no dia 4 de abril, mas quem trabalha com chocolate já está com a produção a todo vapor, ou até perto de ser finalizada. Tudo para abocanhar um aumento previsto nas vendas que pode chegar a até 20%. A aposta dos fabricantes e comerciantes tem fundamentos: além do fato da Páscoa deste ano não trazer uma crise econômica no recheio, como no ano passado, os últimos meses também vêm mostrando vendas aquecidas no setor.

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Na Kraft Foods, empresa que detém a marca Lacta, que por sua vez lidera há 13 anos o mercado de ovos de chocolate, foram produzidas 23 milhões de unidades, quase 9% a mais que na Páscoa de 2009, quando a companhia fabricou 21 milhões de itens. Toda a produção é feita na fábrica localizada na Cidade Industrial de Curitiba.

A empresa informou que, no ano passado, mesmo durante o período de crise, sua participação na categoria de chocolates cresceu, atingindo, de acordo com a consultoria Nielsen, uma fatia de 34,6% dos valores movimentados pelo mercado. A intenção, este ano, é melhorar ainda mais os resultados e aumentar sua participação nas vendas. Os preços devem seguir, em média, a inflação do período, e devem ir de R$ 5,99 a R$49,99.

Artesanais

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O otimismo não fica só entre as gigantes do mercado. Fabricantes de chocolates artesanais também preveem um aumento considerável nas vendas, na Páscoa deste ano. O sócio-diretor da Icab Chocolates, Luigi Muffone, prevê que a empresa aumente seu faturamento em 15% a 20%, em comparação com o mesmo período do ano passado. A produção está a pleno vapor há cerca de um mês e vai até a semana da Páscoa.

A previsão de Muffone não é baseada em nenhum aumento nos preços dos produtos, que foram mantidos em relação aos cobrados em 2009. “A linha de Páscoa não foi reajustada. O aumento previsto é no volume de vendas mesmo”, explica ele. A expectativa, conta, foi feita com base no comportamento dos últimos meses, quando a empresa teve aumento em seu faturamento. Muffone informa que, durante o período de Páscoa, a Icab fatura “quase o triplo” do normal.

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Expectativa

Representantes do setor também mostram otimismo em relação às vendas. A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), que realizou, no final de fevereiro, a primeira edição do Salão da Páscoa, apontou uma expectativa de crescimento entre 7% e 10% nas vendas, na comparação com o ano passado, quando, mesmo em meio à crise, a demanda de chocolate aumentou 4% no País.

O presidente da Abicab, Getúlio Ursulino Netto, afirmou, através de comunicado da entidade, que as boas expectativas levam em conta o número de lançamentos dos fabricantes. Segundo ele, quase 80% dos produtos, este ano, são novidades. Uma das grandes apostas, dessa vez, é nos chocolates com maior concentração de cacau.

A Abicab, no entanto, evita falar de preços. Ano passado, a Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça ingressou com um processo administrativo contra a entidade, alegando que as reuniões anuais promovidas por ela, às vésperas da Páscoa, com a presença dos dirigentes das indústrias associadas, direcionavam reajustes de preços dos produtos típicos da época. Após o encontro do ano passado, a associação divulgou uma estimativa de elevação de 8% nos preços finais dos chocolates para a Páscoa, mas o reajuste médio verificado em pesquisas, no Estado de São Paulo, chegou a 12%.

Varejo

No comércio, as projeções são as melhores possíveis. Em 2009, o varejo movimentou, também segundo a consultoria Nielsen, R$ 736 milhões ,somente em ovos de chocolate, faturando 7,2% a mais que na Páscoa do ano anterior. Ainda assim, a expectativa é de mais crescimento este ano. O diretor comercial do Grupo Pão de Açúcar, Jorge Faiçal, informou, através da assessoria de imprensa da companhia, que as marcas exclusivas do grupo devem ser 30% mais vendidas que no ano passado. Para as demais marcas, o aumento previsto é de 15%. A Havan informou, também, que comprou, para a Páscoa deste ano, um volume 50% maior de chocolates, e espera que as vendas acompanhem o mesmo ritmo.

Data também se torna tradicional para temporários

As contratações de temporários têm acompanhado as projeções de vendas das fabricantes de ovos de chocolate. A Kraft Foods, por exemplo, contratou 1100 temporários para trabalhar na fábrica de Curitiba, onde produz seus chocolates. Todas as contratações para a produção já aconteceram, e boa parte dos funcionários já deixou a empresa, já que o período de fabricação já está encerrando. Mas a empresa diz que, historicamente, costuma contratar como efetivos cerca de 30% desses temporários.

Na Icab Chocolates, o efetivo aumenta cerca de 10% no período de Páscoa. A empresa não informa o número de funcionários que trabalha na produção, mas ano passado a empresa tinha cerca de 20 empregados na área. A companhia também afirma que costuma tornar efetivos alguns deles.

Se para quem trabalha na produção de chocolates já está um pouco tarde para conseguir um contrato temporário, as oportunidades da Páscoa começam a abrir, agora, para a área de vendas e promoção. A Kraft informa que abriu cerca de 6 mil vagas no País, e que as contratações ainda estão em andamento. O prazo para inscrição vai até o dia 15 de março, no site vagas.com.br/Kraft. Nessa área, a empresa diz que costuma efetivar 17% dos temporários. O restante trabalha pelo menos até o final de semana da Páscoa. (HM)