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O crescimento da produção industrial paranaense pode fechar o ano entre 8,5% e 10%, segundo levantamento divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) do Paraná. Se as previsões se confirmarem, será o maior crescimento da indústria do Estado na última década. Em 1993 e 94, os índices atingiram 11,87% e 9,09%, respectivamente. O patamar de 2004 também estará acima dos 6% a 7% esperados para o País no mesmo período.

O coordenador da entidade, Cid Cordeiro, afirma que a indústria teve oscilações quanto ao seu crescimento durante todo o ano. Os meses de maio, junho e julho apresentaram os menores índices em função da parada técnica da Petrobras. A maior taxa foi verificada em agosto, quando chegou a 19,20%. Entre janeiro e outubro deste ano, a produção industrial cresceu 8,9% em relação ao mesmo período de 2003.

Com este cenário, a indústria vai fechar 2004 com um bom indicador, maior do que foi registrado em 2003 (5,67%). Será o primeiro ano de crescimento contínuo, pois em 2002 a taxa foi de menos 2,49%. A continuidade das exportações e a retomada do mercado interno contribuíram para o aumento da produção industrial paranaense neste ano. "O mercado interno está sendo retomado de maneira lenta. A renda gradualmente está se recuperando", avalia Cordeiro.

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Os setores que mostraram maior crescimento na produção industrial no acumulado entre janeiro e outubro de 2004 foram: veículos automotores (45,41%); edição, impressão e reprodução de gravações (30,9%); máquinas e equipamentos (22,79%); madeira (20,6%); e produtos de metal (7,87%). Os segmentos de refino de petróleo e álcool (-14,77%); outros produtos químicos (-11,6%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,79%); e minerais não metálicos (-6,63%) foram os que apresentaram as maiores quedas na produção.

Projeções

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De acordo com Cordeiro, é possível apontar um perfil para 2005 com base nesses dados. Há a expectativa de aumento da produção industrial, o que seria o terceiro ano consecutivo. "A estimativa de crescimento sinaliza que ele será sustentado. Na indústria, isso acontecerá devido à consolidação do mercado interno e ao crescimento no investimento. Vários segmentos atingiram seus níveis de capacidade e anunciam que vão investir no ano que vem, apesar da alta taxa de juros. Esta inibe os investimentos, mas todo o quadro de 2004 vai motivar o empresário a buscar seu crescimento", comenta.

Apesar da previsão de um bom desempenho em 2005, o Dieese já garante que ele será menor do que o verificado este ano. Para o coordenador da entidade, as exportações não vão representar o mesmo impacto ocorrido em 2004, principalmente em virtude da valorização cambial, da retomada do mercado interno e da política econômica. Na agroindústria, o comportamento dos preços dos commodities vai reduzir a arrecadação. "A expectativa é de que a rentabilidade caia neste setor", conta Cordeiro.

Ele acredita que o início de 2005 poderá trazer algumas surpresas para a indústria paranaense. Existem indícios de que acontecerá a reposição dos estoques no comércio, depois das altas vendas neste final de ano, estimadas em 10% no varejo em relação ao ano passado. "Em função da resposta do comércio, a produção inicial nos dois primeiros meses do ano pode ser acima do que se esperava", diz.

Alimentos "puxam" empregos no Estado

O nível de emprego na indústria paranaense cresceu 0,85% no mês de outubro em relação a setembro e totalizou 13,99% nos primeiros dez meses de 2004. Foram gerados 60.259 novos postos de trabalho até o momento, sendo que 75,27% (45.354) deles estão no interior do Estado. A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) foi responsável pela geração de 14.905 empregos. As informações são do Dieese.

No acumulado do ano, a maior empregadora é a indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico, com 23.807 novos postos de trabalho. Em seguida, vem a têxtil (8.740) e a madeireira (7.469). Foi na agroindústria que surgiu a maior parte das vagas paranaenses (50,4% do total, representando 30.371 postos), principalmente nos segmentos de produção de álcool; fabricação e refino de açúcar; e abate e preparação de produtos de carne e de pescado.

Para o economista Sandro Silva, do Dieese, a criação dos empregos nestes setores está relacionada com as exportações e a recuperação da economia. "O Paraná, com o índice de 13,99%, ocupa o quinto lugar no saldo de empregos formais entre todos os estados brasileiros. Quanto ao volume de novos postos de trabalho, fica na terceira colocação, perdendo para São Paulo e Minas Gerais", explica.

Entre janeiro e outubro do ano passado, o total de empregos gerados foi de 28.303, quase a metade de 2004. "Em 2003, já havia um desempenho positivo, que se intensificou em 2004 pela continuidade das exportações e o crescimento do mercado interno. O movimento ocorre no Brasil de maneira geral", classifica. Mesmo com a perda de alguns postos de trabalho neste final de ano, o que ocorre normalmente, o cenário continuará positivo, segundo Cid Cordeiro, coordenador do Dieese. "Se 2003 for repetido, quando foram perdidos 11 mil empregos, 2004 fechará com saldo de 49 mil vagas, considerado muito bom", afirma. (Joyce Carvalho)