Foto: Arquivo/O Estado |
Usina de cana-de-açúcar e álcool, no interior do Paraná: setor empregou mais. continua após a publicidade |
A indústria do Paraná continua empregando, porém de forma desacelerada. Esta é uma das principais conclusões sobre o desempenho do emprego industrial no primeiro semestre de 2006, divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Ministério do Trabalho.
Segundo o levantamento, as indústrias do Paraná geraram 24.352 empregos de janeiro a junho deste ano, o que representa uma queda de 1,03% na comparação com o primeiro semestre do ano passado, quando foram criados 24.606 novos postos de trabalho. O crescimento do nível de emprego passou de 5,15% no ano passado para 4,89% este ano.
Apesar da desaceleração, o economista do Dieese-PR, Sandro Silva, acredita que a indústria do Paraná feche o ano com saldo superior ao registrado em 2005, que foi de 13.667. ?Historicamente, o segundo semestre no Paraná é marcado pelo saldo negativo (mais demissões do que contratações) e este ano não vai ser diferente. Mas a gente espera que esta tendência de retomada de crescimento da economia – queda na taxa de juros, aumento de investimentos produtivos, expansão do mercado consumidor interno – impacte mais fortemente no segundo semestre, e o desempenho do emprego seja melhor do que o ano passado?, comentou o economista.
Entre os setores que puxaram a geração de emprego no primeiro semestre, destaque para a indústria de alimentos e bebidas (17.071 novos postos de trabalho), indústria têxtil (1.673), indústria metalúrgica (1.459) e indústria química de produtos farmacêuticos (1.255). A maior parte dos empregos (quase 91%) ficou concentrada no interior do Estado. O único segmento com queda no saldo de emprego foi a indústria de madeira e do mobiliário (-721).
Na comparação com outros estados, o Paraná ficou na oitava posição quanto à variação do nível de emprego (4,89%), com desempenho acima da média nacional (3,49%). Apesar disso, a geração de empregos no Estado está andando em sentido oposto ao resto do País – enquanto no Paraná o saldo de empregos caiu 1,03% no primeiro semestre, no total do País o saldo cresceu 10,7%, passando de 194 mil de janeiro a junho do ano passado para 214 mil este ano.
Agroindústria
Devido à sazonalidade, a agroindústria do Paraná é um dos setores que mais geram empregos no primeiro semestre. Este ano, o segmento criou 16.778 novos postos de trabalho – representando 69% do total de empregos gerados pela indústria de transformação – e com crescimento de 8,17%, acima da média de 4,89% na indústria como um todo. Entre as atividades que mais empregaram, destaque para a sucroalcooleira – a fabricação e o refino de açúcar, que gerou 10.623 empregos no primeiro semestre, e a produção de álcool, com 6.509 postos. Por outro lado, a fabricação de ?outros produtos alimentícios? registrou redução de 1.396 empregos.
Apesar da desaceleração no nível de emprego, o desempenho da indústria ainda foi melhor que a economia do Estado como um todo. Enquanto de forma geral o saldo de empregos no Paraná passou de 74.578 no primeiro semestre do ano passado para 69.907 este ano – representando queda de 6,26% -, na indústria, a redução foi de apenas 1,03%.
Produção da indústria
A desaceleração no emprego está diretamente relacionada à produção industrial. Depois de três anos seguidos de alta, a produção industrial do Paraná registra queda de 3,76% no primeiro semestre do ano. Em 2003, o crescimento havia sido de 4,04%; em 2004, 6,95% e, no ano passado, de 8,45%. ?Segmentos que não são importantes para a economia do Estado aumentaram a produção, enquanto os que são, tiveram queda?, apontou Silva. Entre os setores que registraram crescimento de produção no primeiro semestre estão borracha e plástico (alta de 14,26%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (12,43%) e bebidas (11,19%). Na outra ponta, o setor de veículos automotores registrou queda de 16,11% na produção, seguido por máquinas e equipamentos (-9,87%).
Inflação em queda ajudou nos acordos salariais
São Paulo (AE) – O estudo ?Balanço das negociações de reajustes salariais no primeiro semestre de 2006?, divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socio Econômicos (Dieese), creditou boa parte do bom desempenho das negociações salariais do período aos baixos índices de inflação.
Conforme o levantamento, as taxas inflacionárias estiveram em declínio, passando de um INPC de pouco mais de 5% nos 12 meses anteriores à data-base de janeiro para algo como 2,75% no período encerrado em junho. Assim, informa o Dieese, o desempenho de 96% de um total de 271 negociações terem, no mínimo, reposto a inflação acumulada nos 12 meses anteriores à data-base da categoria é o melhor resultado já identificado pelo Dieese para o primeiro semestre desde 1996, quando o acompanhamento foi iniciado.
Por setor, os maiores reajustes foram identificados no comércio, com 91% das categorias obtendo reajustes superiores ao INPC até a data-base. Na indústria, o porcentual foi de 84% e, em serviços, 77%.
A pesquisa relata que 0,7% do total das negociações acompanhadas obteve reajuste de mais de 5% acima do INPC; 2,2% ficaram entre 4,01% e 5% acima da inflação; 4,4% de 3,01% a 4% acima do INPC; 13,7% de 2,01% a 3% além do INPC; 25,5% de 1,01% a 2% acima do índice; e 35,4% de 0,01% a 1% acima do INPC. Apenas 4,4% das negociações ficaram abaixo da inflação acumulada até a data-base ?Não foram observados quaisquer casos de perdas salariais nas datas-base de fevereiro e abril?, acrescenta o estudo.
Além da inflação em baixa, o Dieese credita o bom desempenho das negociações aos esforços do movimento sindical na busca de ganhos salariais, ao crescimento da economia nacional.
Segundo o Dieese, contribuíram para a expansão do mercado consumidor interno puxado pela maior oferta de crédito, os aumentos reais do salário mínimo promovidos nos últimos anos, o processo de redução da Selic e os investimentos em programas sociais realizados pelos governos federal e estaduais. ?Ainda a realização da Copa do Mundo, a proximidade das eleições e a manutenção do crescimento da economia internacional são estímulos importantes para o aquecimento das atividades econômicas em 2006?, acrescenta o estudo.
O estudo faz um alerta, entretanto, que apesar dos resultados obtidos nas negociações coletivas, parte expressiva dos trabalhadores brasileiros não desfruta desses benefícios por estar na informalidade e porque o mercado ainda conta com índices elevados de desemprego e rotatividade de mão-de-obra.