A indústria de materiais de construção vê a possibilidade de voltar a crescer em 2018, após anos seguidos de retração no faturamento em meio à crise econômica nacional. A perspectiva para o ano que vem é de uma oscilação na receita do setor entre 0% e 2%, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).
O número é composto por uma perspectiva de crescimento de 3% nas vendas no varejo e de um oscilação de -2% a 2% nas vendas para as construtoras.
“Para 2018, esperamos ver a continuação de um bom comportamento nas vendas de materiais no varejo, ainda que possam ser um pouco menores do que neste ano”, estima o presidente da Abramat, Walter Cover. Ele lembra que as vendas para consumidores serão beneficiadas pelo ambiente de inflação baixa e melhora da renda da população. Por outro lado, não haverá recursos extras no bolso das famílias, como aconteceu neste ano com a liberação do saque das contas inativas do FGTS.
Por sua vez, o quadro de vendas para as construtoras – que atuam com obras públicas de infraestrutura e edificações no setor imobiliário – tem uma dose extra de incertezas. Cover acredita que a aprovação das reformas e o avanço mais robusto da economia nacional podem destravar esses mercados. No entanto, há dúvidas sobre a disponibilidade de recursos da Caixa Econômica Federal e do FGTS para financiar a compra e a aquisição de imóveis, o que pode gerar um gargalo para novos empreendimentos. Além disso, 2018 é um ano eleitoral, que não permite início de obras depois de abril. “Tem que liberar essas obras já para vermos os efeitos nas vendas”, pondera Cover.
Neste ano, a indústria de materiais deve terminar com um recuo de 5% nas vendas, de acordo com projeções da Abramat. Pesquisa da associação divulgada nesta segunda-feira, 11, mostra que, em novembro, as vendas caíram 3% em comparação com o mesmo mês do ano passado.
Já no acumulado de 2017, as vendas diminuíram 4,7%. No que diz respeito ao nível de emprego da indústria de materiais de construção, novembro apresentou queda de 3,9% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No ano, houve baixa de 3,9%.
“Os principais motivos pelo desempenho negativo em 2017 continuam sendo a alta taxa de desemprego, os juros altos no mercado – incluindo o Construcard – e a crise política que se alonga e prejudica a economia brasileira como um todo”, acredita Cover.