O setor de máquinas e equipamentos não deverá concretizar o faturamento previsto para este ano. Com 4,5 mil empresas no Brasil, a expectativa era de que o setor fechasse o ano com faturamento de R$ 40 bilhões. Mas não deverá passar de R$ 35 bilhões, conforme informou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Newton de Mello, que esteve ontem em Curitiba.
A maior frustração vem da área de máquinas agrícolas. “Obstáculos provocaram uma queda brutal do financiamento de máquinas agrícolas desde julho. O faturamento deste setor praticamente parou”, afirmou Mello. Segundo ele, apenas o setor de máquinas agrícolas vinha desde janeiro apresentando faturamento médio de R$ 400 milhões por mês. “Houve um salto para R$ 1,1 bilhão em junho e depois caiu para zero”, apontou. De acordo com Mel-lo, o motivo foi um erro na resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) a respeito de quem seria o responsável por assumir os riscos da diferença entre a inflação e os índices da TJLP no caso de financiamentos para máquinas agrícolas. “Houve erro na resolução do CMN e por isso o BNDES não conseguiu operacionalizar os financiamentos”, afirmou o presidente da Abimaq.
Segundo Mello, o impasse só foi resolvido em setembro, quando o período forte de vendas de máquinas agrícolas já havia passado. Outros fatores, acrescentou, influenciaram a baixa demanda, como a queda das commodities de soja e algodão na Bolsa de Chicago e o aumento do preço do petróleo – que elevou o preço de defensivos agrícolas e de plásticos. No caso de máquinas industriais, a elevação do preço do aço pressionou o setor. “De janeiro a agosto, o aço subiu 75% nas usinas. O fabricante de máquinas não consegue repassar isso para o contrato em andamento”, afirmou Mel-lo. Segundo ele, o aço representa 17% do custo médio de uma máquina. “Só devido ao aço, as máquinas deveriam ter aumentado cerca de 13% este ano, mas aumentaram 10%.” De acordo com o presidente da Abimaq, outro agravante é que mesmo com a alta do aço, o insumo está em falta.
Aumento de 26,3%
Apesar dos obstáculos, o setor de máquinas e equipamentos conseguiu entre janeiro e agosto um faturamento de R$ 28 bilhões – 26,3% a mais do que no mesmo período do ano passado. Os segmentos que influenciaram positivamente o faturamento foram máquinas para plástico, máquinas gráficas e máquinas-ferramenta.
O consumo de máquinas e equipamentos no Brasil se divide da seguinte forma: 55% vêm da produção local e 45% de importados. “Nenhum país pode se propor a produzir todo o leque de equipamentos, e produzir todos eficientemente”, salientou Mello. Por outro lado, o País também exporta máquinas e equipamentos. Em 2003, foram cerca de US$ 4,9 bilhões em produtos exportados e a previsão para este ano é chegar a US$ 6 bilhões. De janeiro a agosto deste ano, as cifras atingiram US$ 4,2 bilhões em exportações. O principal cliente do Brasil são os Estados Unidos, que compraram de janeiro a agosto US$ 1,15 bilhão em máquinas e equipamentos. Em seguida, aparecem a Argentina (US$ 502 milhões) e Alemanha (US$ 314 milhões).