Indústria da moda do Paraná busca espaços

O Paraná ocupa a segunda posição nacional da indústria têxtil, com produção de mais de 130 milhões de peças anuais. Em números, só perde para São Paulo. Apesar disso, não tem a mesma projeção do Estado vizinho no setor. O faturamento também não é tão alto: cerca de R$ 2 bilhões por ano. “Temos um grande volume de confecções sendo vendidas, mas não temos marca, visibilidade”, analisa o consultor do Sebrae e responsável por ações na área do vestuário, José Ricardo Castelo Branco. Na tentativa de alavancar o setor, o Sebrae, em parceria com sindicatos, Senai e Fiep, promoveu ontem o I Seminário de Desenvolvimento da Indústria do Vestuário de Curitiba e Região.

“O objetivo é oferecer conhecimento aos empresários sobre o Grupo de Moda de Curitiba e abrir um espaço para que eles se manifestem sobre as necessidades e oportunidades do mercado”, explica, referindo-se ao grupo criado há cerca de quatro meses e que reúne 16 empresas têxteis locais, que querem ganhar espaço em outros Estados e países. De acordo com José Ricardo, alguns problemas levados pelos empresários do ramo são bem pontuais, como falta de mão-de-obra, tecnologia e vendas. “Outros, no entanto, se preocupam com o mercado externo, o valor agregado.”

Para ele, o que falta ao ramo é exatamente o diferencial. “Muitos empresários reclamam que fabricam peças com qualidade, mas não conseguem boas vendas. Isso porque faltam valores agregados, o diferencial. A pessoa faz o que todo mundo faz, e não se valoriza a criação, o estilista”, aponta. Um exemplo de que o Paraná é uma grande fábrica fabril pode ser visto pelas próprias marcas que produz. “As principais marcas do país são feitas no Paraná. É o caso da Fórum e da Zoomp, por exemplo. Mas as peças são todas comercializadas por São Paulo, que é quem fica com os lucros.”

Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), existem mais de três mil empresas do ramo têxtil instaladas no Estado (16,1% do total nacional), das quais 97% são micro ou pequenas empresas. “Temos tecnologia de ponta, mas ela é restrita a poucas empresas. Para micro e pequenas empresas, não existe”, lamenta.

Exportação

Com relação à exportação, o estilista e um dos proprietários da marca Sexxes -uma das empresas que fazem parte do Grupo de Moda de Curitiba -, Alcione Gabardo Júnior, afirma que, do ponto de vista de tributação, o setor têxtil não encontra dificuldades. “É fácil exportar. Difícil mesmo é fazer um trabalho bem feito lá fora, se firmar e ser reconhecido”, analisa. Empresa relativamente nova no mercado – foi fundada há seis anos -, a Sexxes conta com 250 funcionários, produz cerca de 250 mil peças por ano e tem faturamento anual de R$ 10 milhões por ano. Vende para todos o Brasil e ainda para países como os Estados Unidos e a Holanda – embora de forma bem tímida: apenas de 2% a 3% vai para o exterior. “Não conheço ninguém do setor que trabalhe com 10% lá fora. As empresas compram pouco, querem conhecer primeiro o produto. ”

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