Indústria brasileira prevê investimentos de R$ 380 bilhões

Foto: Arquivo/O Estado

Siderurgia: plantas novas destinadas à exportação.

O setor industrial brasileiro tem projetos de investimentos já identificados no valor de R$ 380 bilhões para o quadriênio 2007-10, conforme levantamento realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na publicação ?Visões do Desenvolvimento?, divulgada na sexta-feira. A efetivação desses investimentos garantiria expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 1,4% ao ano no período, conforme o estudo, que é assinado por Ernani Teixeira Torres Filho, superintendente da Secretaria de Assuntos Econômicos, e Fernando Pimentel Puga, assessor da presidência do banco estatal de fomento.

Os autores consideram o valor ?surpreendente? e representaria um crescimento de 13% do ano nos investimentos, em relação ao período 2002-05. Quase metade desses investimentos (R$ 183,6 bilhões) será no segmento de petróleo e gás, especialmente da Petrobras, o que ilustra a forte concentração dos setores que deverão liderar a expansão da indústria brasileira no período. Outro segmento com forte expansão é o de mineração e metalurgia, com R$ 52,7 bilhões, onde se destacam os projetos da Cia Vale do Rio Doce. Esses dois segmentos responderão por 62,15% do montante previsto para o período, conforme o estudo.

Os outros setores identificados pelo BNDES são os de siderurgia (R$ 37,1 bilhões, ou 9,76%); papel e celulose (R$ 16,9 bilhões, ou 5,26%); petroquímico (R$ 17,6 bilhões, ou 4,63%); automotivo (R$ 28,5 bilhões, ou 7,5%); eletroeletrônico (R$ 15,6 bilhões, ou 4,10%); fármacos (R$ 4,6 bilhões, ou 1,21%) e o sucroalcooleiro (R$ 20,5 bilhões, ou 5,39% do total). Uma das principais características desses segmentos, de acordo com o estudo, é que são de ?caráter autônomo?, ou seja, independe dos condicionantes macroeconômicos domésticos, como renda, juros e câmbio. ?São predominantemente intensivos em capital e com investimentos concentrados em projetos de longa maturação?, observam os autores.

Além disso, os preços são determinados em moeda estrangeira, fixados de acordo com os mercados internacionais. Outra característica é que as empresas ?são internacionalizadas e muitas são classificadas como ?grau de investimento? (investment grade) pelo mercado financeiro internacional?. Outra característica comum é que o aumento da produção está basicamente voltado para a exportação, observam.

Em outros casos, como os siderúrgicos e de papel e celulose, o Brasil está sendo objeto de instalação de plantas novas (greenfield) destinadas a exportação, substituindo unidades que estão sendo fechadas em países da Europa e da América do Norte. Como o Brasil tem forte competitividade nesses segmentos, tem conseguido atrair investidor internacional. Segundo o BNDES, no caso da siderurgia, o Brasil tem o mais baixo custo do mundo e no caso de papel/celulose o país só perde para a Indonésia. O estudo do BNDES mostra que o grupo Petrobras será o principal vetor da expansão nos próximos anos, somando-se os investimentos na exploração/produção de petróleo e no segmento petroquímico.

Na área de petróleo e gás, os investimentos em exploração e produção devem permitir o aumento da produção de 1,9 milhão de barris/dia em 2006 para 2,4 milhões em 2010. Somando-se esses investimentos que responderão por 48,29% do total, aos da área petroquímica (4,63%), obtém-se 53% do total. A ?lógica? para o projeto petroquímico a ser instalado no Rio de Janeiro (Comperj) é o aproveitamento do excedente do petróleo pesado da Bacia de Campos, direcionando-o para a indústria petroquímica nacional.

No segmento sucroalcooleiro, o BNDES identificou 89 projetos de novas unidades, das quais 51 já estão em andamento. ?A tendência é que o Brasil se torne um líder mundial no segmento de derivados de etanol, incluindo produtos formados a partir do álcool da cana-de-açúcar, onde o Brasil tem nítidas vantagens comparativas?, observa.

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