Indústria brasileira está produzindo menos

Depois de subir por três meses consecutivos, a produção industrial brasileira caiu 0,5% em outubro na comparação com o mês anterior. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados ontem, esse comportamento revela uma “acomodação” do nível da produção, só que em um novo patamar, após o forte crescimento registrado em setembro (4,1%).

Na comparação com outubro do ano passado, a indústria registrou uma alta de 1,1%. Entretanto, neste ano, o crescimento foi zero se comparado aos meses de janeiro a outubro em relação a igual período do ano passado.

A sustentação do patamar atingido em setembro deveu-se ao comportamento dos bens de consumo duráveis (como automóveis e eletrodomésticos) e dos bens de capital (máquinas e equipamentos), cujos crescimentos foram de 1,8% e 3,8%, respectivamente, em outubro na comparação com o mês anterior.

Por outro lado, de acordo com o coordenador de indústria do IBGE, Sílvio Sales, a produção de bens de consumo semi e não-duráveis, como roupas e alimentos, praticamente não reagiu em outubro e os setores apresentaram crescimento zero.

Segundo Sales, esse segmento é afetado pela queda da renda do trabalhador que prejudica a demanda desses produtos.

Dos 20 ramos pesquisados pelo IBGE, somente três registraram queda de produção. Os setores químico, farmacêutico e de produtos alimentares tiveram retrações de 0,7%, 4,4% e 1,6%, respectivamente.

Renda em queda

A queda da renda do trabalhador está intimamente ligada à desaceleração da produção industrial. “A queda da renda está restringindo uma reação mais forte dos bens de consumo semi e não-duráveis e rebatem na produção industrial”, afirmou o coordenador de Indústria do IBGE, Silvio Sales.

Dentre as quatro categorias de uso do setor, apenas o de bens de consumo semi e não-duráveis não registrou alta de setembro para outubro. Seu crescimento foi zero.

Os semi e não duráveis são formados por produtos cuja produção e consumo têm relação direta com o nível de renda das pessoas, como roupas, calçados, alimentos, bebidas e remédios.

A renda caiu 15,2% em outubro na comparação com mesmo mês do ano anterior -a oitava queda consecutiva.

Já os bens duráveis (automóveis e eletrodomésticos), embora voltados ao mercado interno, estão em alta. Cresceram 18,9% nos últimos cinco meses e 1,8% de setembro para outubro. Isso porque são dependentes das condições de crédito e voltados para uma camada da população com renda mais elevada. Nesse caso, a expansão reflete a queda da taxa básica de juros, atualmente em 17,5%. Os juros, que estavam em 26,5% em maio passado, começaram a baixar a partir de junho.

Os eletrodomésticos, por exemplo, tiveram alta de 13,3% em outubro em relação a igual mês do ano passado.

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