Até agora, o mercado automotivo foi um dos que mais se aproveitaram das medidas anticrise promovidas pelo governo federal. Hoje, depois de uma queda no consumo e na produção, e uma rápida recuperação na demanda que levou até a falta de produtos no mercado, o setor pode dizer que está normalizado e experimentando níveis parecidos com os anteriores à crise econômica mundial.
Os emplacamentos dos primeiros 15 dias úteis de abril (em 14.374 veículos), no Paraná, são melhores do que os da primeira quinzena de março (14.059), quando as vendas já mostravam uma recuperação.
De acordo com o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores do Paraná (Fenabrave-PR), Luis Sebben, a redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis, ainda no final do ano passado, foi determinante para a normalização do mercado.
“Foi o motivador extra. Agora, também temos produtos à vontade e financiamentos adequados à realidade econômica”, conclui. “E as concessionárias estão dispostas a fazer qualquer negócio.”
Sebben afirma que as lojas de veículos novos chegaram a experimentar filas de espera, no Estado, no final de fevereiro e em um período do mês de março. “Foi mais uma falta de oferta do que excesso de demanda”, explica.
“As montadoras tiveram dificuldade de atender a procura por alguns modelos, depois da redução do IPI.” O problema, porém, já foi resolvido, segundo Sebben. “Hoje, todos os veículos estão disponíveis a pronta entrega, a não ser que tenham algum opcional ou cor específicos”, diz.
Seminovos
A variedade de ofertas se repete – ou é até maior, segundo representantes do setor – no mercado de usados e seminovos. De acordo com o diretor de Relações Públicas da Associação dos Revendedores de Veículos Automotores no Estado do Paraná (Assovepar), Gilberto Deggerone, praticamente qualquer modelo pode ser encontrado nos estoques das lojas, a valores bastante atraentes. “Os preços tiveram queda de 25% a 30% com a crise. Chegou-se a um valor real de mercado”, afirma.
Para Deggerone, o mercado de usados e seminovos do Estado já se estabilizou, mas ainda não chega perto dos níveis pré-crise, quando eram vendidos 45 mil veículos por mês.
Hoje, as vendas vêm se mantendo, segundo ele, em torno dos 35 mil carros por mês, desde janeiro. Um aumento, se comparado a novembro do ano passado, quando as vendas chegaram a apenas 27 mil automóveis.
Importados
Até mesmo as concessionárias que vendem carros importados vêm mostrando que a fase é melhor. A ponto, até, de aparecerem investimentos em modelos novos e bastante segmentados. Há cerca de duas semanas, por exemplo, o grupo Euro Import inaugurou uma loja exclusiva para o modelo Mini Cooper, cujo valor ultrapassa os R$ 90 mil.
Para um dos sócios-diretores do grupo, Pedro Prosdócimo Neto, a procura pelo compacto tem sido até melhor que as previsões. “Já temos vários carros vendidos e gente querendo fazer reserva para os que vão chegar em maio”, informa.
Segundo ele, a boa procura se repete nas outras marcas com as quais o grupo trabalha. “Claro que temos sentido a crise, mas o efeito direto dela na venda do automóvel não foi o que se pronunciava [há alguns meses].”