Passado a ressaca após a Copa do Mundo e o fim dos incentivos fiscais, a indústria de bens de consumo voltou a acelerar o ritmo de produção para atender as encomendas crescentes do segundo semestre. O volume de excessivo de estoques acumulados no segundo trimestre já estão em níveis normais para 85% das empresas, segundo Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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A Latina Eletrodomésticos, fabricante de lavadoras semiautomáticas, purificadores de água e ventiladores, por exemplo, teve queda de 3,7¨% no faturamento do segundo trimestre em relação ao primeiro. A situação levou a empresa a demitir 18 funcionários, o equivalente a 10% do quadro de pessoal, no segundo trimestre.

“Mas em julho voltamos a investir e contratamos 45 pessoas, porque sentimos que o efeito da queda nas vendas durante a Copa e a volta da cobrança do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) já tinha sido absorvida pelo mercado”, diz o presidente da empresa, Valdemir Dantas.

A empresa projeta crescimento de 7% para o segundo semestre, em comparação com igual período de 2009. Os pedidos do varejo para o Natal já estão sendo feitos, num ritmo que deverá superar em 40% o de 2009.

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No setor de produtos de higiene pessoal e beleza, cujo desempenho está diretamente ligado ao nível de emprego e renda, o quadro é semelhante. “Durante a Copa, só se vendeu cerveja neste País”, brinca o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, João Carlos Basílio da Silva. “Sentimos uma reação do mercado a partir de agosto.”

Basílio da Silva observa que as perspectivas para os próximos meses são as melhores possíveis. Ele argumenta que 60% das categorias profissionais negociam reajustes salariais neste período, com ganhos acima da inflação. Isso dá sustentação para o crescimento nas vendas de artigos de higiene e beleza. “Apesar da surpresa no segundo trimestre, vamos crescer 10% acima da inflação do setor no ano.”

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Apesar do cenário favorável para crescimento das vendas, vários setores da indústria reclamam do achatamento das margens de lucro provocada pelo aumento das importações. “Quem está ganhando com o crescimento do mercado brasileiro não são as empresas nacionais, e sim as estrangeiras”, afirma José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Vitopel, que produz embalagens plásticas flexíveis. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.