A Confiança da Indústria superou o nível neutro de 100 pontos em fevereiro, ao subir 1 ponto, para 100,4 pontos, algo que não ocorria desde setembro de 2013 (101,7 pontos), mas não há motivo para grande otimismo, na avaliação da coordenadora da pesquisa no Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Tabi Thuler Santos.
“As base de comparação são muito baixas. Estamos falando de retornar ao passado como se fosse algo bom, mas significa que o setor ainda está recuperando perdas do passado. A atividade não está em nível aquecido, com expectativas de produção e contratação importantes para a economia em termos de volume”, explica.
Tabi reforça que essa análise serve também para o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), que embora tenha sido o grande destaque do mês, com uma alta forte e espalhada, segundo ela, ainda está muito abaixo da média da década pré-crise. O Nuci avançou 0,9 ponto porcentual, para 75,6%, enquanto o patamar médio no passado era de 82,3%.
“Essa recuperação é mais animadora, assim como o indicador de estoques, mostra algo mais palpável e mais atrelado à realidade, e traz novo sentimento sobre os dados. Mas ainda falta um terreno enorme para percorrer para voltar à média histórica.”
A coordenadora da Sondagem da Indústria também destacou que o indicador de demanda interna está em 95,1 pontos e, embora tenha evoluído, continua “patinando”, sendo o mais baixo entre os fatores avaliados. Segundo ela, esse indicador é um fator de preocupação atualmente, mas a queda do Índice de Situação Atual (ISA), de 1,5 ponto, para 99,4 pontos, é mais uma acomodação após sete altas do que uma mudança de tendência, avalia.
Já no Índice de Expectativas (IE), que possibilitou o avanço da confiança em fevereiro, todos os indicadores cresceram, com destaque para o de tendência de negócios, que registrou o terceiro avanço consecutivo e atingiu 104,8 pontos. “Nesse indicador, sim, podemos falar de otimismo”, conclui. O IE subiu 3,4 pontos, para 101,4 pontos.