Os dados do setor de serviços em julho foram “bem fracos” e revelam que o segmento está sendo afetado pela desaceleração já evidente na indústria. Esta é a avaliação da economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, sobre os resultados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada há pouco pelo IBGE. “Como este é um setor que emprega muita mão de obra, formal e informal, pode-se ver também uma desaceleração mais forte no mercado de trabalho nos próximos meses”, acrescentou.
A Receita Bruta Nominal do setor subiu 4,6% em julho ante igual mês do ano passado, sendo a menor alta da série, iniciada em 2012. No acumulado de 12 meses, a elevação de 7,6% é a primeira inferior a 8% desde janeiro de 2013.
Questionada sobre se a alta inflação de serviços pode ser a responsável pelo desempenho mais fraco do setor, Solange avalia que há, de fato, uma contribuição, “mas que as condições da economia em geral explicam melhor o movimento de arrefecimento”, explicou. “Ainda vamos ter resultados muito ruins, não necessariamente negativos, mas que reforçam a tendência de desaceleração”, ponderou. Ela destaca que as taxas de crescimento do setor devem se estabilizar em níveis mais baixos nos próximos meses e que a recuperação só deve ocorrer no segundo semestre do ano que vem.
Para a economista, as consequências da desaceleração do segmento no mercado de trabalho podem gerar um círculo vicioso, que leve a um arrefecimento ainda maior da atividade do setor. “Para quebrar essa série de efeitos negativos, será necessário um fator externo: a volta da confiança, medidas que talvez até impactem a demanda no curto prazo, mas que sinalizem uma luz no fim do túnel”, pontuou, alertando para a necessidade de “grandes mudanças” na política econômica. “Não vejo a volta do crescimento tão cedo”, afirmou.