A deterioração da situação fiscal, o risco do rebaixamento do rating de classificação de risco do Brasil e a maior preocupação com o mercado de trabalho (apesar de a taxa de desemprego ainda ser baixa) contribuíram para derrubar a confiança dos consumidores. Em janeiro, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou 2,1%, para 108,9 pontos – o pior desde julho de 2009 (108,7 pontos). “É um retrocesso grande”, avalia a economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Viviane Seda, coordenadora da sondagem.
Além disso, a persistência do pessimismo com a situação corrente ao longo de 2013 contagiou as expectativas neste início de 2014. “A insatisfação com a economia se transferiu para expectativas. Lenta recuperação econômica, investimentos que não saem, tudo isso gera menos otimismo e cautela em relação a compras”, explica Viviane.
“Está se aprofundando essa piora nas expectativas sobre a economia pela persistência de um cenário econômico conturbado, cheio de incertezas, de uma recuperação esperada e que não aconteceu. Isso faz com que os consumidores tenham uma expectativa pior”, acrescenta.
A economista ressalta, contudo, que os consumidores ainda não embutiram em suas expectativas o cenário eleitoral. “As eleições ainda estão longe para gerar algum tipo de influência. Acredito que a incerteza virá, mas em relação ao que pode vir depois da eleição.”
Situação financeira
Apesar de uma visão menos confiante em relação ao cenário macroeconômico atual e futuro, mais consumidores passaram a acreditar que a situação financeira das famílias vai melhorar nos próximos seis meses. Os otimistas quanto ao futuro passaram a ser 37,2% do total, contra 36,8% em dezembro.
Mas a tendência negativa dos indicadores que medem a confiança dos consumidores nesse quesito não permite concluir se a melhora se sustentará, adverte Viviane. “É cedo para dizer, devido à cautela nas compras e á dificuldade de recuperação da economia.”
No contexto atual, a percepção sobre as finanças pessoais continua preocupando. “Há uma deterioração, principalmente entre as famílias que têm menor poder aquisitivo”, afirma a economista.
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