A piora no índice de confiança da construção em abril se deve principalmente à avaliação dos empresários em relação às atividades futuras, especialmente no que diz respeito às obras públicas, segundo afirmou nesta segunda-feira a coordenadora de estudos da construção da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ana Maria Castelo, responsável pela pesquisa Sondagem da Construção. De acordo com o levantamento, o Índice de Expectativas (IE-CST) recuou 5,3% em abril, uma queda maior que o recuo de 4,2% de março.
Na avaliação por segmentos, houve piora nas expectativas em relação aos indicadores: preparação de terreno(de 2,6% em março para -1,2% em abril), obras de instalações (de -5,8% para -6,3%) e construção de edifícios e obras de engenharia civil (de -3,8% para -5,0%). Nesta última categoria, a deterioração foi puxada pelo subitem obras viárias (de 3,3% para -1,3%).
“Isso mostra que o empresário está começando a duvidar da retomada dos investimentos nas obras de infraestrutura”, observou Ana Maria. Ela lembrou que, para 2012, a expectativa inicial era de aceleração das obras por conta do acúmulo de atrasos nos empreendimentos para a Copa da Mundo e Olimpíada, além de ser um ano eleitoral. “Não está claro o motivo dessa incerteza dos empresários”, disse a pesquisadora, ponderando que a previsão de investimentos públicos estão mantidos.
Ana Maria também disse que a piora no índice de confiança da construção no mês de abril ainda não configura uma tendência, já que o indicador havia apresentado melhora nos três primeiros meses do ano. “Ainda é cedo para dizer se a piora vista em abril é uma reversão definitiva ou não”, afirmou.
Ela ponderou que a Sondagem da Construção começou a ser realizada pela FGV em julho de 2010 e não tem o efeito de sazonalidade bem definido, além de tomar como comparação os resultados acima da média registrados pelo setor da construção naquele ano.