Índice da Cielo aponta queda no desempenho do varejo em fevereiro

O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) caiu 2,4% em fevereiro na comparação com igual mês do ano passado e recuou 2,1% ante janeiro, na série com ajuste da inflação, divulgou a Cielo, nesta segunda-feira, 16. Foi a primeira retração do indicador desde o início da série histórica, em janeiro de 2013. A maioria dos setores cresceu abaixo do ritmo registrado em janeiro, sendo que parte deles apresentou retração na receita de vendas. A região Norte foi a única que registrou crescimento.

Segundo a Cielo, a retração na variação anual foi influenciada principalmente pelo feriado do carnaval, que impactou negativamente o crescimento em 2,6 pontos porcentuais. No ano passado, os festejos caíram em março. Sem o efeito do feriado, o índice teria registrado alta de 0,2%. “Muitas lojas fecham no carnaval e com isso as vendas acabam indo para baixo. Mas em março, certamente teremos efeito inverso por causa dessa troca de calendários”, prevê o gerente de Inteligência da Cielo, Gabriel Mariotto.

Setores

Entre os setores, a Cielo destaca que os de consumo com “giro rápido”, como varejo alimentício em geral, padarias, lojas de cosméticos, veterinárias e drogarias e farmácia, registraram crescimento acima de zero, na média, mesmo com o efeito do carnaval. Ainda assim, o ritmo de alta foi mais fraco que o dos meses anteriores. Entre esses setores, o de postos de gasolina foi o que mais desacelerou a receita em vendas em fevereiro na comparação com janeiro.

Já os setores que comercializam itens duráveis e semiduráveis, que já vinham puxando o ritmo de crescimento do indicador para baixo, também desaceleraram de modo geral. De acordo com a Cielo, vestuário e eletroeletrônicos voltaram a ter forte desaceleração, após mostrarem recuperação em janeiro. Ao contrário dos setores de consumo com giro rápido, a Cielo destaca que o feriado de carnaval teve impacto negativo relevante nos segmentos de duráveis e semiduráveis.

Em relação à cesta de serviços, recreação e lazer foi um dos poucos setores que aceleraram. Houve desaceleração nos segmentos de transportes, incluindo táxis, ônibus intermunicipais e, principalmente, nos resultados das companhias aéreas. De acordo com a Cielo, desconsiderando o setor de companhias aéreas, o ICVA deflacionado de fevereiro teria registrado queda de 1,7%, em vez de 2,4%, em relação a igual período do ano passado.

Regiões

A região Norte foi a única que registrou crescimento na receita de vendas em fevereiro na comparação anual, com “ligeira alta” de 0,8%, já descontada a inflação. A Cielo ressalta, contudo, que ainda assim o resultado foi 3,2 pontos porcentuais menor em relação a janeiro. Todas as outras regiões do País apresentaram queda no desempenho do varejo em fevereiro na variação anual. O pior desempenho foi do Sudeste (-2,8%), seguido por Nordeste (1,4%), Centro-Oeste (-1,3%) e Sul (-0,2%).

O economista Rodrigo Baggi, da Tendências Consultoria Integrada, avalia que, apesar das diferenças regionais, a queda generalizada do varejo deixa claro que a piora na confiança de consumidores e empresários afeta o País de maneira horizontal. Segundo ele, 2015 será um ano “extremamente desafiador” para o segmento varejista, pois não há perspectivas que mostrem recuperação do otimismo. A Tendências prevê para 2015 queda de 0,7% no varejo restrito e de 1,5% no ampliado, medido pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE.

Além da baixa confiança, o diretor do Núcleo de Estudos e Projeções Econômicas da consultoria Gouveia de Souza (GS&MD ), Eduardo Yamashita, avalia que a queda do varejo se deu pela a redução da renda real dos consumidores, pelo crédito restrito e caro e pela alta inflação, que “resiste e deve ficar acima do teto da meta em 2015”. “O crédito continua caro e com maior rigor de concessão por parte dos bancos, principal fator por não haver uma disparada do índice de inadimplência”, disse.

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