A equipe de analistas do banco Brasil Plural criou um indicador para medir o grau de incerteza na economia brasileira. O termômetro confirma a percepção de investidores e agentes econômicos em geral: a partir de 2010, a incerteza vem crescendo, o que ajuda a explicar a queda de 4% nos investimentos e de 2,6% na produção industrial no ano passado.

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“O aumento tem algumas razões: a escalada da crise europeia, que atingiu o pico em meados de 2012; a desvalorização do real em 2012; a inflação persistentemente mais alta e consistentes revisões para baixo nos cenários de crescimento (do Produto Interno Bruto)”, explicam os analistas, em nota enviada ao jornal O Estado de S. Paulo.

“Para os agentes brasileiros, o futuro em relação às variáveis macroeconômicas pareceu tornar-se mais incerto”, dizem. Entre os responsáveis pelo indicador está o ex-diretor do Banco Central (BC) Mário Mesquita, um dos sócios do Brasil Plural.

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Para construir o Índice Brasil Plural de Incerteza Econômica, os especialistas levam em conta variáveis como inflação, taxa de câmbio, PIB e pesquisas de sondagem industrial. Eles utilizam tanto os dados efetivos quanto as projeções para cada um desses indicadores.

Segundo os analistas, as principais correlações do índice se dão com a produção industrial e os investimentos. “Ele aponta uma correlação negativa contemporânea com a produção industrial. Em outras palavras, quando o índice aumenta, o crescimento da produção industrial tende a desacelerar”, explicam.

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O mesmo ocorre com investimentos. “A diferença é que há uma defasagem e um efeito maior. Um choque de incerteza, por exemplo, pode cortar em 5 pontos porcentuais o crescimento dos investimento de 2 a 3 trimestres depois da ocorrência do choque, na medida em que os empresários ‘seguram’ projetos face ao cenário incerto.”

A construção do índice remonta a janeiro de 1997. De lá para cá, tanto o Brasil quanto o mundo passaram por várias crises: colapso da Ásia e da Rússia, desvalorização do real, apagão de energia elétrica, calote da Argentina, pré-eleição do então candidato Lula, quebra do banco Lehman Brothers e dúvidas sobre o futuro da zona do euro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.