Indicadores apontam para um novembro ruim

O fluxo de veículos nas estradas brasileiras caiu 1,1%, e a expedição de papel ondulado, 1,83%, em outubro ante setembro. Os dois indicadores mostram que a indústria seguiu patinando em outubro e que a esperada recuperação prevista para o último trimestre, se começou, foi só neste mês.

Além do fluxo de veículos e da expedição de papelão, os analistas lembram também das vendas de veículos, que caíram, no mercado interno, 4,6% de setembro para outubro. São todos indicadores antecedentes: sugerem o que pode ter ocorrido com a indústria no mês passado. O resultado do setor só será oficialmente divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no início de dezembro.

?Estes indicadores já apontam que o desempenho industrial de outubro ainda não irá mostrar uma recuperação efetiva, após a forte desaceleração observada no terceiro trimestre?, alerta a Tendências Consultoria em comunicado divulgado ontem.

Na quinta-feira, a ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias) divulgou o índice que mede o tráfego de veículos. O fluxo de carros caiu 0,4% em outubro, enquanto o fluxo de caminhões caiu 0,6%. O índice cheio, que registra queda pelo segundo mês consecutivo, mostra recuo de 1,1%. No caso do tráfego de veículos leves, a pesquisa mostra quatro quedas consecutivas, enquanto o tráfego de caminhões cai há três meses.

Roberto Padovani, da Tendências, diz que a queda reflete mais um período de desaceleração. O analista lembra ainda, em comunicado emitido pela ABCR, que ?a retração aconteceu principalmente na indústria, com destaque para a produção de bens duráveis (como veículos e móveis), que foi afetada por uma queda da confiança do consumidor?.

Vários sinais

O índice da ABCR, que é elaborado em conjunto com a Tendências, foi o segundo indicador a sugerir desaquecimento da atividade em outubro. No início desta semana, o resultado do setor automotivo já sugerira algo similar. Ontem, a divulgação do resultado do setor de papelão reforçou a impressão de que a indústria voltou a patinar em outubro.

?Há um certo nervosismo, uma queda da confiança por causa da crise política. A indústria de ?tradables? (bens que podem ser importados ou exportados) está desesperada por causa do câmbio. A confiança está abalada?, analisa Richar Dubois, sócio-diretor da Trevisan Consultores.

Julio Gomes de Almeida, diretor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), ressalta que, mesmo dessasonalizado, o dado de papelão ondulado é negativo, mostra queda de 2% entre setembro e outubro. Em outubro, o normal seria uma alta do índice. ?Todos os indicadores estão dizendo que o movimento não foi tão bom em outubro?, diz o economista.

Almeida diz esperar alguma melhora em novembro. Ele avalia até que ela pode ter começado no final de outubro. Mas, completa ele, ?o Natal, para a indústria, chegou pela metade e atrasado?. Pela metade, explica, por conta da concorrência de importados, mais baratos graças à valorização do real. Atrasado, por conta da falta de dinamismo exibida até pelo menos o mês passado pelo setor. ?Podemos ter um Natal com falta de estoques, ou com clima de recessão?, arrisca Dubois, da Trevisan.

Heron do Carmo, presidente do Corecon-SP, aponta principalmente para o câmbio valorizado para explicar o desaquecimento do setor, apesar de não deixar de excluir o impacto negativo dos juros altos. ?Provavelmente tivemos um processo de venda de estoques, e o setor exportador já deve estar sentindo o impacto do câmbio?, relata.

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