Foto: João de Noronha/O Estado |
Preços monitorados (como é o caso do telefone) devem se manter estáveis neste mês. |
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aponta para deflação (inflação negativa) de -0,5% e não mais inflação de 0,15%, como previsto na semana passada, de acordo com o boletim Focus divulgado ontem pelo Banco Central. O boletim é resultado de pesquisa realizada na última sexta-feira (23) com uma centena de analistas de mercado e de instituições financeiras para acompanhar as tendências de mercado sobre os principais indicadores da economia.
Segundo os economistas do setor privado, o IPCA, que serve de parâmetro para a correção oficial, será negativo neste mês, o que puxa mais para baixo ainda a projeção de inflação anual, que era de 4,17% na pesquisa anterior e agora cai para 4,04%.
É a quarta semana seguida de queda na previsão de inflação anual, que já está menor que a meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Mas o boletim Focus manteve a projeção de 4,23% para a inflação dos próximos 12 meses.
Os 4,04% referem-se à projeção de inflação nacional para as famílias com renda até 40 salários mínimos. Quando se restringe ao comportamento de preços na capital paulista, a previsão cai mais ainda, para 3,02%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor medido pela Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (IPC-Fipe) da Universidade de São Paulo (USP).
A pesquisa do BC também aponta estabilidade na correção dos preços administrados por contrato ou monitorados (combustíveis, energia elétrica, telefonia, educação, medicamentos, água, transporte urbano e outros), que terão inflação em linha com a meta de 4,5%, tanto em 2006 quanto em 2007.
Em contrapartida, os preços no mercado atacadista indicam movimento de alta há três semanas: o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) aumentou de 3,28%, na semana passada, para 3,41%; e o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) evoluiu de 3,24% para 3,4% na mesma base de comparação.
Investimentos
Ainda segundo o boletim Focus, os especialistas consideram que as turbulências do mercado externo reduzem as expectativas de investimento estrangeiro direto no setor produtivo. Eles reduziram a expectativa de entradas de US$ 15,5 bilhões para US$ 15,35 bilhões neste ano.
Em contrapartida, aumentaram a previsão de cotação do dólar norte-americano no encerramento do ano, de R$ 2,24 para R$ 2,25 na comparação com a pesquisa da semana anterior; mas mantiveram a perspectiva de R$ 2,35 para o final de 2007.
Segundo a pesquisa, o saldo da balança comercial (exportações menos importações) será em torno de US$ 40 bilhões neste ano (US$ 35,26 bilhões em 2007), o que permite manter previsão de US$ 9 bilhões para o saldo de conta corrente, que abrange todas as transações comerciais e financeiras com o exterior (saldo de US$ 4 bilhões no ano que vem).
Houve ligeira melhora, de 4,25% para 4,26%, na expectativa de crescimento da produção industrial, o que não altera em nada a previsão de 3,6% para a evolução, este ano, do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas no País (3,70% em 2007).
Em conseqüência, mantém também a projeção de 50,5% para a relação entre dívida líquida do setor público e PIB. Trocando em miúdos: a dívida pública equivale a mais da metade do que o País produz. É esse grau de comprometimento que determina a capacidade, ou não, de o País honrar seus compromissos e de ganhar credibilidade externa.