Os números do Banco Central indicam que a economia brasileira fechou o terceiro trimestre em queda, ainda que pequena. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que é uma espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB), fechou o trimestre com um recuo de 0,12% em relação ao mesmo período do ano passado, já descontados os efeitos sazonais.
O arrefecimento demonstrado pelo IBC-Br se contrapõe ao resultado do PIB do segundo trimestre, que surpreendeu ao mostrar expansão de 1,5%. A possível confirmação dessa análise mais pessimista, que é majoritária entre os economistas, só será conhecida quando o IBGE divulgar o desempenho do PIB no período.
Os números do BC azedaram o humor de analistas do mercado para o fim do ano. Mesmo assim, a autoridade monetária não deve se desviar do rumo de elevação da taxa básica de juros, que hoje está em 9,5% ao ano.
Avaliado como importante indicador antecedente, o IBC-Br indicou estabilidade (-0,01%) em setembro na comparação com agosto. O “mau humor” se instalou no mercado porque a expectativa era de uma alta do índice em torno de 0,2%.
Com os números em mãos, os economistas passaram a véspera de feriado refazendo suas planilhas. Os cálculos dos profissionais consultados pelo AE Projeções, serviço da Agência Estado, começaram a apontar predominantemente para um período de contração econômica no terceiro trimestre.
O levantamento, realizado com 30 analistas, vai de uma queda de 0,5% do PIB até um crescimento de 0,2%. Apenas uma instituição prevê alta e cinco esperam estabilidade.
Indústria. Além da base de comparação mais forte, pesou, para os profissionais, a baixa de 1,4% da produção industrial no período. Ela não conseguiu ser totalmente anulada nem pela expansão de 3,20% de julho a setembro no setor varejista. Daí a importância do fato novo que deve ser incorporado aos próximos cálculos do PIB: a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS).
Divulgada pela primeira vez em agosto, a PMS deve suprir a lacuna de informações sobre o setor, que é o maior da economia atualmente e tinha poucos registros históricos. A intenção de se buscar um perfil mais exato sobre como caminha a economia brasileira pode tornar o IBC-Br um indicador com menor aderência ao PIB.
“Tivemos um desempenho bom da indústria, o investimento veio bem e o consumo, mais fraco. A economia vinha numa boa intensidade. Era a composição que gostaríamos de ver no PIB (do terceiro trimestre): consumo contido e investimento se acelerando”, disse o economista-chefe do Banco J. Safra e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall.
Fim do ano
Um ritmo de atividade mais contido também deve ser verificado no quarto trimestre de 2013, segundo o economista-chefe da Mauá Sekular, Alessandro del Drago, que projeta uma taxa de 0,1% para o período final do ano. “Não tem por que crescer mais. Deve ser uma recuperação muito tímida”, previu.
O compromisso feito na última ata de reunião do Comitê de Política Monetária do BC, que elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto porcentual, pesará mais que o IBC-Br no próximo encontro do Copom, em duas semanas.
A avaliação, feita pelo economista para o Brasil e Portugal da Oxford Economics, Marcos Casarin, é de que os números são insuficientes para alterar o plano de voo para os juros traçado pelo Banco Central.
“O BC praticamente garantiu uma alta de 0,50 ponto porcentual ao manter as mesmas palavras (da ata anterior)”, argumentou. “O mundo está de olho no Brasil. Se o BC vacilar agora, vai dar um sinal horrível ao mercado. Por isso, para o BC mudar de ideia, o IBC-Br teria de ter vindo muito pior do que veio.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.