O economista Roberto Campos Neto, indicado para a presidência do Banco Central, afirmou nesta terça-feira, 26, que, à frente da instituição, manterá seu “trabalho incansável na busca do cumprimento de sua missão: de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda, entendida como o cumprimento da meta para a inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN); e de assegurar um sistema financeiro sólido e eficiente”.
Durante participação em sabatina da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado, Campos Neto afirmou ainda que o período recente do Brasil foi “repleto de desafios”. “Após o período de alta de preços de commodities, que beneficiou a economia brasileira ao longo dos anos 2000, o País sofreu um grande revés”, pontuou. “Políticas econômicas excessivamente intervencionistas levaram ao aumento da inflação e a uma recessão profunda, com uma grave piora das contas públicas. O ano de 2015 se encerrou com a inflação em quase 11% e sem perspectivas sólidas de reversão. Nesse quadro, o PIB recuou cerca de 7% no acumulado de 2015 e 2016”, descreveu.
O economista acrescentou que, em 2016, um processo de mudanças começou. “A política econômica como um todo, e a política monetária em particular, mudaram de rumo. O atual governo vem trabalhando para aprofundar essas mudanças em uma perspectiva de ampliação de espaços para a atividade privada em vários aspectos de nosso cotidiano, e em especial no âmbito econômico”, disse. “Como um liberal, me considero perfeitamente alinhado a essa perspectiva, e como presidente do Banco Central, caso tenha a honra de ser aprovado por esta Casa, buscarei empreender uma atuação de Estado, estritamente técnica e ética, como deve ser a postura da autoridade monetária”.
Inflação
Campos Neto afirmou que o controle da inflação é necessário para o crescimento de longo prazo do País. Em sabatina, ele disse ainda que o País não pode deixar se seduzir pela falácia do estímulo inflacionário e da intervenção estatal.
“Afinal, como demonstra a literatura econômica, não existe incompatibilidade entre estabilidade de preços e desenvolvimento econômico”, afirmou ele. “Ao contrário, a literatura sugere, e nossa experiência histórica comprova, que o controle da inflação é condição necessária para o crescimento de longo prazo, que se materializa por meio do aumento da produtividade da economia e gera ganhos de bem-estar para a população.”
Campos Neto também disse que, além da estabilidade econômica, a estabilidade do sistema financeiro também colabora para o bem-estar dos brasileiros. “A crise financeira global de 2007-2008 e seus desdobramentos tornaram clara a importância de um sistema financeiro sólido e eficiente para o desempenho da economia real”, pontuou. “O sistema financeiro canaliza recursos para a atividade produtiva e para a inovação através da intermediação entre poupadores e investidores; do gerenciamento de riscos da atividade produtiva; e da provisão de serviços financeiros para a população”, acrescentou.
O economista Roberto Campos Neto participa nesta terça de sabatina na CAE do Senado. A expectativa é de que seu nome seja aprovado ainda nesta terça na comissão e no plenário do Senado. Também passam por sabatina Bruno Serra Fernandes, que ocupará a Diretoria de Política Monetária, e João Manoel Pinho de Mello, que será o titular da Diretoria de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC.
A íntegra do discurso de Campos Neto está disponível no seguinte endereço de internet: https://www.bcb.gov.br/conteudo/home-ptbr/TextosApresentacoes/Discurso_Sabatina_RobertoCampos_Neto_26012019.pdf.