Porto Alegre (AE) – As indenizações de agricultores atingidos pela estiagem devem chegar a R$ 830 milhões no País. A projeção foi feita ontem, pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto. O valor representa o dobro da expectativa inicial do governo, de R$ 400 milhões, e atualizado de acordo com a progressão da estiagem.
Apenas no Rio Grande do Sul, entre 187 mil contratos feitos com seguro agrícola, 148 mil agricultores fizeram comunicado de perdas por causa do clima. ?Isso mostra a importância do programa?, afirmou Rossetto. Ele participou ontem da abertura do seminário ?Ações de prevenção à seca no Sul do Brasil?, que discute recomendações para amenizar os possíveis efeitos do clima.
Em dez anos foram registrados seis eventos de estiagem, o que obriga os governos a desenvolver medidas para conviver com o problema, disse o assessor especial do ministério, Herlon de Almeida. Ele defendeu um modelo mais orgânico e menos químico de produção, a diversificação de culturas e o uso de sementes de ciclos diferentes dentro da mesma lavoura, para reduzir os riscos.
Almeida ressaltou que o Plano de Safra prevê, no período 2005/06, um incentivo ao produtor que adotar práticas corretas do ponto de vista ambiental, ampliando em 30% sua capacidade de tomar crédito. ?Queremos estimular a retenção de água e as melhores técnicas de manejo?, disse Rossetto.
O ministro interino da Agricultura, Luiz Carlos Guedes Pinto, que também participou do seminário, disse que é importante contar com representantes do Ministério da Fazenda nos eventos do gênero, pois é de lá que partem as decisões sobre a liberação de recursos. Guedes lembrou a redução da estimativa de safra provocada pelo clima, entre os 131,9 milhões de toneladas projetados em dezembro de 2004 e os 112 milhões do levantamento de junho. Isso significa uma perda de R$ 10 bilhões em receita, segundo ele. O paradoxo, segundo Guedes, é que as chuvas aumentaram em volume nos últimos 70 anos. No entanto, sua distribuição foi irregular.